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Referência mundial, goalball brasileiro alia teoria e prática para se desenvolver
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- Publicado em Quinta, 13 Agosto 2015 08:38
O silêncio na quadra é total. O jogo se desenvolve ao som do guizo colocado dentro da bola. Mas naqueles fones a partida ia sendo construída em palavras. Cada movimento era descrito com precisão e o pequeno Owan Parkin, 13 anos, montava o panorama da disputa. Ao lado do pai, ele estava na arquibancada do Centro de Esportes Mississauga acompanhando as disputas do goalball dos Jogos Parapan-Americanos de Toronto pelo serviço de audiodescrição disponibilizado no ginásio.
“Eles explicam o que acontece na quadra, os pênaltis, o que as pessoas estão fazendo, onde a bola está”, conta o canadense Owan, que nasceu cego devido a uma doença rara. No colégio, ele já teve contato com algumas práticas esportivas, além de ser encorajado pelo pai, Scott Parkin, a praticar esportes. Mas no Parapan, o que ele tem acompanhado é o goalball. “Imagino que seja um esporte divertido de jogar”, conta cheio de expectativas, já que a modalidade estará no currículo escolar dele este ano.
Uma oportunidade para Owan aprofundar o contato com um esporte que mudou a perspectiva de vida de pessoas como Victoria Nascimento, da seleção brasileira feminina. “O goalball supriu uma necessidade dentro de mim. Eu perdi a visão com 11 anos, numa fase da infância de brincar. Comecei a jogar, a viver mais, conhecer lugares novos e a falta da visão não foi tão forte”, descreve a jogadora, que antes de conhecer o esporte não tinha a mesma disposição em sair de casa.
"Comecei a jogar porque não tinha nada para fazer e me descobrir no esporte”, confessa Victoria, para acrescentar que sua percepção sensorial melhorou com a modalidade. “O goalball é maravilhoso porque faz você ter noção espacial e a audição melhora. No meu caso, ainda é uma forma de expor meu sentimento, seja raiva, ou alegria. Eu coloco tudo para fora em quadra”.
História semelhante à de Ana Carolina Custódio, que também conheceu o goalball enquanto estudava no Instituto Benjamim Constant, no Rio de Janeiro, e que encontrou no esporte uma forma de inclusão. “Quando fiquei cega, pensava que não podia fazer nada. Meu sonho de ser bailarina foi por água abaixo, mas percebi que com o goalball a gente pode romper esse limite que a gente acha que tem”, contou a jogadora da seleção após a vitória contra a Guatemala por 10 x 0 no encerramento da fase de grupos, nesta quarta-feira (12.08). Equipe adversária que será a mesma da semifinal, marcada para sexta-feira (14.08).
Prata no Parapan de Guadalajara 2011, Ana Carolina confia em um resultado melhor desta vez. “Nós mostramos que podemos conseguir. Tivemos jogos difíceis contra os Estados Unidos e o Canadá, mas ganhamos delas”. Os dois países da América do Norte fazem a outra semifinal e perderam para o Brasil na primeira fase por 3 x 1.
No sangue
Enquanto as meninas buscam o topo do cenário mundial do goalball, a equipe masculina já coleciona alguns importantes feitos, como o título mundial de 2014, a prata nos Jogos Paralímpicos Londres 2012 e o ouro na última edição do Parapan.
Um dos destaques do time, Leomon Moreno da Silva carrega apenas as iniciais nas costas da camisa. Uma forma de homenagear os irmãos Leonardo e Leandro, também deficientes visuais, e que já integraram a equipe ao lado dele. “Conheci o goalball por eles. Levava os dois para os treinos, porque enxergava mais. Ficava com vontade de jogar, mas ainda não tinha idade”, recorda.
Com a vitória de hoje por 12 x 2 sobre o Canadá, o Brasil também conquistou 100% de aproveitamento na fase de classificação do masculino. Os adversários da semifinal serão os argentinos, no mesmo dia da disputa feminina.
Modelo
Exclusivo dos Jogos Parapan-Americanos e das Paralimpíadas, o goalball ainda não é muito conhecido no Brasil, mesmo o país sendo uma referência. Ações fora das quatro linhas, realizadas pela seleção brasileira, buscam divulgar o esporte. Em Jundiaí (SP), local de treinamentos da equipe masculina durante 15 dias por mês, os atletas e comissão técnica vão às escolas incentivar a prática da modalidade, segundo o treinador Alessandro Tosin.
Professor de educação física em uma universidade, ele promove campeonatos de goalball com os alunos, mesmo aqueles que não são deficientes. “No Brasil a gente não tem muito essa cultura, mas na Europa muitas pessoas jogam goalball com os atletas deficientes. O que faço é promover alguns torneios internos com os alunos e entre faculdades. Isso ajuda a divulgar o esporte e as pessoas passam a jogar”.
O treinador conheceu o goalball quando ainda era estudante e fez estágio em uma instituição voltada para deficientes visuais. De 2001 para cá não parou mais de estudar, pesquisar e escrever sobre a modalidade. Conhecimentos que ele leva para a quadra. “Quando você começa a associar teoria e prática, dá resultado. Todo nosso treinamento é embasado teoricamente. Nós temos o Altemir, que é o analista de desempenho. Temos dados de todas as fases de treinamento, sabemos quantas bolas foram no alvo, quantas foram retidas”, explica.
Os dados ainda servirão para futuras pesquisas sobre o esporte. Na partida contra os canadenses, a seleção teve 94% de bolas no alvo, quando o arremesso obriga o adversário a defender com a mão ou com o pé fora da demarcação da área de defesa. “Não é qualquer equipe no mundo que faz isso. Estamos coletando essas informações, para formar um software, que vai virar uma publicação. A gente vai o tempo todo aprimorando e sempre buscando a máxima excelência”, afirma Tosin.
A análise e o trabalho tático, no entanto, não significam um engessamento do jogo. O treinador conta que a primeira noção transmitida aos atletas é para que “brinquem” de goalball. “Eles são muito inteligentes e em cima disso construímos algumas ações. A gente deixa eles brincarem, porque a criatividade faz parte desta inteligência. A ideia é que eles se movimentem. Dificilmente você encontra cegos se movimentarem de um lado para o outro como eles. Depois vamos fazendo as ações táticas e eles ficam com um volume grande de jogo”.
Os investimentos realizados pelo Ministério do Esporte, os recursos advindos da Lei Agnelo/Piva e o apoio do Comitê Paralímpica Brasileiro (CPB) são os outros fatores apontados pelo técnico para o alto desempenho da equipe. “Hoje, sem dúvidas, somos uma referência no goalball, mas porque temos condições de treinar fora das fases específicas de preparação. A continuidade gera a manutenção da performance, o que é decisivo em uma competição como essa”.
O goalball tem 42 desportistas contemplados com a Bolsa-Atleta em todo o país, dentre eles 11 dos 12 participantes do Parapan-Americano de Toronto. O Ministério do Esporte ainda tem convênio com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que somados ultrapassam R$ 40 milhões, para a preparação das equipes visando ao ciclo paralímpico de 2016 e à participação nos Jogos de Toronto 2015.
A modalidade
Praticado exclusivamente por pessoas com deficiência visual, o goalball está, ao lado da bocha, entre as únicas modalidades paralímpicas que não têm uma versão correspondente no programa olímpico. O jogo reúne atletas com diferentes graus de deficiência (BC1, BC2 e BC3), mas que sempre usam vendas nos olhos, a fim de que as duas equipes rivais disputem em condição de igualdade.
A quadra que recebe a disputa tem as mesmas dimensões da de vôlei, com 9m de largura e 18m de comprimento. Cada partida tem dois tempos com duração de 12 minutos cada, com três minutos de intervalo. São três jogadores em cada time, além de outros três reservas. O gol, bem amplo, tem a mesma largura da quadra, com 1,30m de altura.
Durante o jogo, os atletas, que atuam como arremessadores e defensores ao mesmo tempo, precisam lançar a bola rasteira ou tocando em uma das áreas obrigatórias. Dentro da bola há um guizo que emite som para orientar os atletas cegos e, por isso, todo o público deve permanecer em silêncio durante o jogo.
Confira os vídeos do Parapan 2015
Gabriel Fialho, de Toronto, Canadá
Ascom - Ministério do Esporte
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Destinados ao pódio: os convites inusitados de brasileiros ao atletismo paralímpico
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- Publicado em Quinta, 13 Agosto 2015 08:15
No esporte adaptado, é bastante comum ver atletas que iniciaram nas modalidades por uma recomendação médica. Foi assim na criação do próprio movimento paralímpico, quando o neurologista Ludwig Guttmann organizou, no Hospital de Stoke Mandeville, na Inglaterra, uma reabilitação com o uso do esporte para soldados que voltaram feridos da 2a Guerra Mundial. Contudo, com algumas pessoas esse primeiro contato ocorreu de uma forma bem diferente.
A maranhense Teresinha de Jesus, por exemplo, só conheceu o atletismo em 2013, aos 32 anos. A iniciação esportiva foi motivada por um convite recebido de um desconhecido no meio da rua. “Um rapaz, que já treinava em uma associação no meu estado, me viu na rua e simplesmente me convidou. Eu falei ‘tá bom, não estou fazendo nada, só estudando e trabalhando, vamos ver no que vai dar!’”, conta, bem humorada. “Fui na louca, sempre fui doida mesmo”, diverte-se a velocista, que nesta quarta-feira (12.08) conquistou a medalha de prata nos 100m T47, para amputados, nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto.
Teresinha perdeu o braço esquerdo aos oito anos, quando sofreu um acidente no muro de casa. “Nunca passou pela minha cabeça, nunca imaginei que um dia eu poderia sair do meu país com o esporte paralímpico e representar o Brasil”, comenta. “Hoje sou uma pessoa totalmente diferente”, completa a atleta, que carrega o mesmo nome da cega mais rápida do mundo, a brasileira Terezinha Guilhermina.
Outro início curioso foi o de Yohansson do Nascimento, dono de sete medalhas em Parapans, além de títulos mundiais e paralímpicos. O Brasil poderia ter ficado sem as várias conquistas do alagoano se ele tivesse embarcado em outro ônibus para ir ao dentista, aos 17 anos. “Eu nunca tive problemas em mostrar que sou deficiente. Estava sentado com os braços à mostra e a Valquíria (Campelo) viu e me convidou para o atletismo”, recorda-se. “Um simples ‘sim’ ou ‘não’ mudou a minha vida. Eu podia ter dito ‘não, não quero ficar correndo’, mas eu aceitei e hoje estou aqui, muito honrado de representar a minha nação. Foi uma descoberta em cheio dela”, define o atleta, que na infância já gostava de apostar corrida.
“Comecei sem pretensão e nunca imaginei que levaria isso tão a sério. Era uma recreação, uma oportunidade que a vida estava me dando, mas as coisas foram acontecendo muito rápido”, explica. Nesta quarta, Yohansson não conseguiu subir ao pódio na prova dos 400m T47, terminando com a quinta colocação. Ele vai buscar sua oitava medalha em Parapans na próxima sexta-feira (14), na final dos 200m.
Já Alessandro da Silva, que chegou à sua segunda medalha de ouro em Toronto, desta vez no arremesso de peso F11/12, foi convidado para o esporte durante uma aula de braile. “Eu fazia braile numa escola e conheci um professor que me mostrou o arremesso de peso”, conta o atleta que, até um ano e meio atrás, só tinha a musculação como prática esportiva. “O atletismo me tirou de casa e de ficar pensando besteira. Me levou para uma vida onde eu pude ter novas conquistas”, comemora.
Prova cancelada
As pessoas que acompanharam a prova dos 800m T53 nesta quarta-feira levaram um susto na Universidade de York. Em uma dura briga por espaço na pista, o colombiano Edisson Andres Martinez levou uma fechada do canadense Jean-Philippe Maranda e, com o choque das cadeiras de rodas, acabou no chão. A prova seguiu e o brasileiro Ariosvaldo da Silva, o Parré, chegou a comemorar a medalha de prata, mas depois os resultados foram cancelados. “A batida é normal em prova acima de 800m. Os atletas imprimem uma velocidade muito alta e andam muito próximos”, explicou Parré. A disputa foi remarcada para esta quinta-feira (13), com o canadense desclassificado. O brasileiro, que ainda corre os 400m na sexta, será poupado.
Liderança no quadro de medalhas
Além de Alessandro da Silva, o Brasil ainda foi ouro com Izabela Campos (lançamento do disco F11/12), Paulo Flaviano Pereira (400m T37), João Luis dos Santos (lançamento do disco F46), Jonas Licurgo Ferreira (arremesso de dardo F53/54/55) e Adriele de Moraes (salto em distância T20/37/38). As pratas do dia foram conquistadas por Verônica Hipólito (salto em distância T20/37/38), Elizabeth Rodrigues (arremesso do peso F53/54/55), Teresinha de Jesus (100m T47) e Diogo Ualisson (200m T12). O país ainda levou duas medalhas de bronze, com Shirlene Coelho (arremesso de peso F20/37/38 e lançamento do disco F37/38/44), e uma com Sheila Finder (100m T47).
Com as 13 novas medalhas desta quarta, o atletismo já rendeu 47 pódios ao país: 20 ouros, 16 pratas e 11 bronzes, desempenho que garante ao Brasil o topo do quadro de medalhas na modalidade.
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Ana Cláudia Felizola, de Toronto – brasil2016.gov.br
Ascom - Ministério do Esporte
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Ouvidos atentos também são diferencial no judô paralímpico
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- Publicado em Quinta, 13 Agosto 2015 08:01
Postados frente a frente, com a pegada do judô previamente estabelecida pelo árbitro para o início do combate, é óbvio que o sentido do tato seja preponderante na versão paralímpica da modalidade dos tatames. Mas, aliado ao trabalho das mãos na gola e nas mangas do rival, a audição ocupa função de destaque para o sucesso dos atletas. Na abertura do judô, no Parapan de Toronto, o Brasil conquistou dois ouros e um bronze, todos com meninas das categorias mais leves. Michele Aparecida Ferreira e Karla Cardoso souberam unir a técnica que trabalham até seis vezes por semana a uma "linha direta" com os treinadores da seleção, que ficam postados ao lado da área de jogo.
"Chega a ser uma coisa automática. A gente já tem isso mais aguçado. Eu esqueço tudo o que está em volta e fica como um canal direto com o que eles falam, com certeza", afirmou Karla, prata Paralímpica nas edições de Atenas, em 2004, e Pequim, em 2008, e vencedora em Toronto na categoria até 48kg. O pódio ainda teve a argentina Paula Gómez, prata, e a brasileira Luiza Oliano, bronze.
"Acho que no judô é um conjunto, porque é movimento o tempo inteiro. A audição nos ajuda a prestar atenção às instruções do técnico, a ouvir e sentir o adversário. Todos os sentidos ficam alertas", afirmou Michele Aparecida Ferreira, que superou quatro adversárias, duas por punições e as duas últimas por imobilizações, para chegar ao ouro na categoria até 52kg. A prata ficou a canadense Priscilla Gagne e o bronze com a argentina Rocio Ledesma
Ainda um pouco chateado por não ter sido "ouvido" como gostaria nos combates da tarde, em que tanto Rayfran Mesquita quanto Mayco Souza caíram na semifinal e perderam em seguida a disputa do bronze, o técnico Alexandre Garcia explica que, diferentemente do judô olímpico, a orientação é liberada em 100% do tempo na versão paralímpica.
"No Olímpico, o técnico só pode falar quando o árbitro para a luta. Aqui é liberado. É a hora que a gente tem de, narrando o que está vendo por eles, explicar ao atleta algo que ele não está fazendo, ou algo que está errando na movimentação, na pegada. Muitas vezes a gente monta uma estratégia para a luta, mas o adversário vem com uma posição ou nos impõe uma situação diferente. Aí temos de ser rápidos para pensar rapidamente uma outra estratégia", afirmou.
O bronze do dia ficou com Luiza Oliano, na categoria até 48kg. Nesta quinta-feira, quatro atletas brasileiros estão nas disputas. Abner Nascimento será o representante na categoria até 73kg. Lúcia Teixeira, prata nos Jogos Paralímpicos de Londres, defenderá o país na categoria até 57kg. Victoria Santos disputará entre os atletas de até 63kg e Harley Pereira tentará melhorar o bronze conquistado no Parapan de Guadalajara na categoria até 81kg.
Termômetro
A participação brasileira no Parapan é vista pelo coordenador da modalidade, Jaime Bragança, como um degrau necessário para expor os atletas a uma situação similar à que eles vão experimentar no Rio de Janeiro, no ano que vem.
"Como o Brasil já tem vaga em todas as categorias por ser o país-sede, não temos esse peso. O importante é termos a vivência de um evento no padrão paralímpico, com a Vila, o apartamento, o refeitório, a visibilidade. É importante para preparar todos psicologicamente, principalmente os mais novos da delegação", afirmou.
Nos Jogos de 2016, o Brasil sabe que terá páreos duros tanto contra países que têm histórico forte na modalidade olímpica, como Japão, Coreia e França, mas também em escolas fortes nos últimos tempos entre os paralímpicos. "O Uzbequistão revelou recentemente uma equipe completa e teve ótimos resultados no Mundial mais recente. A Geórgia tem um atleta na categoria mais pesada que é fora de série", disse Bragança. Alemanha e Rússia também são apontados pelos atletas como fortes concorrentes.
Preparação consistente
Para garantir uma preparação nacional adequada, uma vez por mês são realizados treinamentos de uma semana com os atletas da seleção em um Centro de Treinamento na região da Mooca, em São Paulo.
Os deslocamentos estavam tão frequentes que Karla Cardoso preferiu mudar-se de vez para São Paulo e deixar família e filhos para amplificar as chances de ir bem em casa.
Segundo ela, o fato de ser contemplada pela Bolsa Pódio, do Governo Federal, foi decisivo para referendar a decisão. "É graças a ela que estou investindo só no judô. Os recursos ajudam a me sustentar em São Paulo. Lá estou perto da seleção, dos técnicos, e posso corrigir possíveis erros e aprimorar a minha técnica com mais qualidade", afirmou.
Para Michele Ferreira, que também recebe a Bolsa Pódio, o incentivo financeiro transformou sua relação com o esporte em algo mais profissional. "Hoje é meu trabalho. É disso que vivo", disse a atleta, que mora e treina em Campo Grande (MS) quando não está com a seleção Brasileira em São Paulo.
Dos 15 atletas do judô no Parapan, 13 recebem insumos do Ministério do Esporte. Seis são integrantes da Bolsa Atleta e sete recebem a Bolsa Pódio, que varia de R$ 5 mil a R$ 15 mil mensais e é voltada para atletas de destaque no ranking mundial de suas modalidades.
Infraestrutura
O Ministério do Esporte mantém, ainda, dois convênios ativos com o Comitê Paralímpico, que somam R$ 40 milhões. Um deles, de R$ 1,8 milhão, serviu para custear a participação brasileira no Parapan de Toronto.
O outro, no valor de R$ 38,2 milhões, é destinado à preparação e treinamento de seleções permanentes em 16 modalidades (atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, judô, natação, remo, rúgbi em cadeira de rodas, tiro esportivo, vela, e voleibol sentado) para o ciclo olímpico de 2016.
O convênio engloba custos de transporte terrestre e aéreo no Brasil e no exterior, hospedagens, alimentação, contratação de recursos humanos (coordenador de modalidade, técnicos, assistentes técnicos, psicólogo, fisioterapeuta, fisiologista, nutricionista, médico, massoterapeutas, mecânicos, preparador físico, árbitros, classificador funcional, delegado técnico, enfermeiro), aquisição de uniformes, materiais e equipamentos esportivos.
Confira os vídeos do Parapan 2015
Gustavo Cunha, de Toronto - Brasil2016.gov.br
Ascom - Ministério do Esporte
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Entrevista: a paixão além da vista de Lúcia Teixeira pelo judô
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- Publicado em Quarta, 12 Agosto 2015 17:22
Salva pela natação, Verônica Almeida conquista bronze que faltava no Parapan
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- Publicado em Quarta, 12 Agosto 2015 17:10
Histórias em que o esporte muda e até salva vidas são de certa forma recorrentes. Existem diversos exemplos de pessoas que tiveram seus destinos transformados no momento em que se tornaram atletas. Mas poucas vezes a aplicação é tão literal como no caso da nadadora brasileira Verônica Almeida, medalha de bronze nos 50 m livre S7 nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto na segunda-feira (10.08), com o tempo de 38s13.
Diagnosticada em 2007 com Ehlers-Danlos, síndrome rara e degenerativa que a fez perder força e movimento nos membros inferiores e ter limitações no movimento de rotação do braço direito, Verônica recebeu dos médicos um prognóstico de apenas um ano de vida. Oito anos depois, a atleta credita à natação o fato de ainda estar viva.
“É uma síndrome degenerativa e progressiva. A grosso modo, a gente deixa de produzir um pouco de colágeno e perde os ligamentos. Você, literalmente, começa a deslocar”, explica. “Logo após o diagnóstico eu voltei a nadar por indicação médica. Hoje eu defino a natação como a minha vida de verdade, pois além do tratamento que faço, é esse esporte que me mantém viva”, relata.
Graças ao esporte, a nadadora também pôde comemorar no Canadá uma conquista tida por ela como especial. “Só me faltava uma medalha em Parapan e aqui está ela”, diz a brasileira, dona de um bronze nos Jogos Paralímpicos de Pequim 2008 e outro no Mundial de Natação de Eindhoven 2010, ambas nos 50 m borboleta S7.
História
Graduada em Educação Física em 1998, Verônica exerceu a profissão por oito anos como coordenadora de academia. Mãe de um casal de gêmeos, Bianca e Marcelo, ela descobriu a síndrome ainda na gravidez. “Minha sorte foi ter ficado grávida antes do diagnóstico”, conta a educadora, que deixou a profissão quando passou para a cadeira de rodas. “Fui demitida por que acharam que eu não causaria uma boa impressão como professora”, conta.
A gravidez foi sustentada, apesar da Ehlers-Danlos, algo considerado quase impossível pela medicina, pois há falta de colágeno para manter a placenta ligada ao útero. Fator que torna a medalha ainda mais especial e digna de dedicatória. “Esta medalha é para os meus filhos. Antes de eu viajar, o Marcelo ficou doente e falou: ‘mãe, traz a medalha’. Então, dedico a vitória a ele”.
Com o diagnóstico, a nadadora encontrou um programa experimental em Paris, na França, que selecionava voluntários para tratamento com células-tronco. “É um tratamento que faço não para curar a síndrome, pois não tem cura. Faço para estabilizar”, explica Verônica, a única que permanece no estudo de uma turma inicial de 20 pessoas.
Para garantir tanto o tratamento quanto as conquistas, Almeida tem o apoio do Ministério do Esporte com a Bolsa Pódio. “Sem ela eu não teria nem o suporte nem a estrutura que tenho. Para mim, em particular, o programa ajuda até no tratamento em Paris, que tem custo muito alto. Assim como a natação, a bolsa é uma maneira de continuar a minha vida”, explica.
Leonardo Dalla, de Toronto, Canadá
Ascom - Ministério do Esporte
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Seleção fecha primeiro dia por equipes com melhor campanha da história no tênis de mesa
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- Publicado em Quarta, 12 Agosto 2015 10:37
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Alan Fonteles mostra evolução em retorno às pistas no Parapan
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- Publicado em Quarta, 12 Agosto 2015 10:29
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Bronze no Parapan representa mais um renascimento de Rosinha Santos
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- Publicado em Quarta, 12 Agosto 2015 10:23
Em meio as 19 medalhas que o Brasil conquistou no atletismo nesta terça, um dos três bronzes referendados teve significado simbólico. A medalhista paralímpica Rosinha Santos cumpriu a primeira prova do arremesso de peso na categoria F56/57 em seu último Parapan. Subiu ao pódio depois de um afastamento de um ano causado por um câncer linfático na garganta descoberto em janeiro de 2014.
“Passa um filme na minha cabeça de tudo o que fiz, do que aconteceu comigo, de ter sido a última convocada para estar aqui”, diz. O tratamento foi longo e, segundo ela, doloroso. "Não podia tomar sol, não podia fazer esforço e tive que me afastar do esporte. Só em 19 de janeiro recebi alta para começar a treinar levemente. Fui trabalhando até chegar aqui”, relata.
Antes de seguir carreira no esporte, Rosinha trabalhava como empregada doméstica. Aos 18 anos foi atropelada por um motorista embriagado e perdeu a perna. A partir daí, se dedicou ao esporte e hoje, aos 43 anos, encara o retorno como uma nova redenção. “Quando fiquei sabendo do câncer pensei que nunca mais iria competir. Achei que tudo tinha acabado. Mas foi um recomeço. Foi onde encontrei forças para tentar chegar ainda mais longe”, conta. Por isso, o bronze tem projeção tão especial. "Para mim, é como se tivesse um ouro no peito, porque mesmo com toda a dificuldade eu ganhei”, disse, emocionada.
A multimedalhista tem um histórico de respeito. Faturou nos Jogos de Guadalajara, em 2011, um ouro no lançamento de disco e um bronze no arremesso de peso. Nas Paralímpiadas de Sydney, em 2000, foi campeã e recordista mundial ganhando dois ouros nos arremessos de peso e disco. “Este é meu último Parapan e em 2016 vou disputar a última paralímpiada. Se o treinamento até agora foi leve em função do retorno da doença, agora vai ser pesado. Vou treinar como treinei para Sydney”, brinca.
Dois pódios 100% nacionais
Além do bronze de Rosinha, o atletismo teve nesta terça mais 18 medalhas, com dois pódios 100% nacionais. Foram oito de ouro, oito de prata e dois bronzes adicionais. A campanha nacional mantém o Brasil na liderança do quadro da modalidade, com 34 medalhas: 14 ouros, 12 pratas e oito bronzes.
O primeiro pódio 100% do dia foi nos 100m T11, com ouro para Teresinha Guilhermina, prata para Jhulia Kharon e bronze para Jerusa Geber. “O tempo eu não gostei muito, mas a corrida foi boa. Tenho muito a melhorar e vou trabalhar por uma marca melhor”, avaliou Teresinha. O segundo pódio integralmente nacional foi no salto em distância T11/12, com ouro para Silvana Oliveira, prata para Thalita Simplício e bronze para Lorena Spoladore.
Também faturaram medalhas douradas os atletas Yeltsin Ortega, nos 5.000m T12; Shirlene Coelho, no Lançamento de Dardo F37/38; Edson Pinheiro, nos 100m T38; Gustavo Araújo, nos 100m T13; Mateus Evangelista, nos 100m T37; e Felipe Gomes, nos 400m T11.
As pratas vieram para Lucas Prado, nos 100m T11, Lucas Ferrarri, nos 100m T37, Tascitha Oliveira, nos 200m T36, Alan Fonteles, nos 100m T43/44 e Alice Correa, nos 100m T12.
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Leonardo Dalla, de Toronto, Canadá
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Com direito a vitórias em família, bocha conquista seis ouros de sete possíveis
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- Publicado em Quarta, 12 Agosto 2015 10:18
A ideia inicial pode ser a de isolamento. Afinal, são pessoas com deficiências severas, como paralisia cerebral grave, tetraplegia e distrofia muscular. Mas, em um contato mais próximo, percebe-se que um olhar é uma fonte de comunicação poderosa. São os pequenos gestos que fazem a diferença na bocha, um esporte de estratégia e precisão. E a intimidade ajuda a proporcionar o entendimento completo das sutilezas.
Em duas das quatro categorias da modalidade exclusivamente paralímpica, os jogadores recebem auxílio de assistentes, responsáveis por posicionar a bola em uma rampa para o lançamento, chamada calha. Mas os ajudantes ficam de costas para a quadra, o que não os impede de “ver” o jogo no rosto do parceiro. “O meu sistema é mexer a cabeça para um lado, para outro, mas ela consegue ler o jogo nos meus olhos”, afirma Richardson Ferreira, auxiliado pela esposa Adriana Almeida. “Ela me conhece muito e sente quando a partida está difícil ou quando estou indo bem. O calheiro fica em uma agonia muito grande, porque não vê nada que acontece”.
A regra existe para evitar interferências externas, mas os atletas podem falar ou indicar com gestos ou olhares como querem direcionar a calha e com qual inclinação. Neste momento, a cumplicidade ajuda. “Ele pensa e eu sei o que ele quer, no olhar, no aspecto facial. Essa união é 24 horas e isso ajuda no jogo. Eu me dedico para a competição e para apoiá-lo. A gente traça estratégia juntos, assiste às partidas dos oponentes, sente qual é a dificuldade do adversário e tenta traçar o melhor caminho”, conta Adriana, exibindo a medalha de ouro conquistada nesta terça-feira (11.08) ao lado do esposo. Na final, 8 x 1 no canadense Eric Bussiere na classe BC3.
Na mesma categoria, Antônio Leme levou o bronze ao superar a compatriota Daniele Martins. Auxiliado pelo irmão Fernando, ele resume a importância da parceria. “É sensacional. Ele me põe para cima. A bocha é minha vida”. O calheiro entende que o entrosamento fora de quadra auxilia no desempenho nas competições. “A gente sempre foi unido desde pequeno. Estarmos juntos numa competição com nível tão grande é um prazer imenso. E ele necessita de um assistente que fale a mesma língua, entenda o olhar, o gesto, que saiba o que ele está pensando. Ter esta intimidade fora da quadra facilita nosso trabalho”.
Pódio familiar
A família da bocha também pintou de verde e amarelo outro pódio do Abilities Centre. Os irmãos Eliseu e Marcelo Santos participam da categoria BC4, na qual os atletas não necessitam de ajudantes, e levaram o primeiro e o terceiro lugar, respectivamente. “Você poder participar de uma competição deste nível é a realização de um sonho. E estar ao lado do meu irmão no pódio é algo maravilhoso”, disse Marcelo.
Mais um caso em que a convivência ajudou no crescimento mútuo. “Nós treinamos juntos, um ajuda ao outro. Eu não gosto de perder para ele e nem ele para mim e, assim, vamos ficando melhor”, afirma Eliseu, que foi um incentivo para o irmão se dedicar à bocha, quando voltou para casa com um ouro e um bronze das Paralimpíadas de Pequim 2008. “Aquilo me incentivou a seguir a carreira e ir junto com ele”, conta o caçula Marcelo.
O apoio entre eles passa do incentivo nos treinos e serve para superar a saudade do ambiente familiar. “Viajei e deixei mãe, esposa, filho... então é bom estar aqui ao lado do Marcelo e das pessoas que fazem parte dessa família da bocha”.
Resultados
As disputas individuais encerraram a participação da bocha no Parapan de Toronto. O Brasil bateu o recorde de ouros ao conquistar seis medalhas dentre sete possíveis. Nesta terça (11.08), o país venceu as quatro finais, três contra os donos da casa, e ainda levou dois bronzes. Ao todo, foram nove medalhas, seis de ouro e três de bronze, levando em conta as provas de duplas e equipe.
Na classe BC1, José Chagas fez 8 x 0 no canadense Hanif Mawji; na BC2, Maciel de Souza anotou 8 x 0 no também canadense Adam Dukovich.
A disputa da BC3, teve Richard Ferreira fazendo 8 x 1 em Eric Bussiere, do Canadá, e Antônio Leme anotando 4 x 1 sobre Daniele Martins na luta pelo bronze.
Na BC4, Eliseu Santos superou o colombiano Euclides Grisales por 9 x 6, enquanto Marcelo Santos ganhou o bronze sobre a canadense Alison Levine ao fazer 5 x 1.
O país ainda teve ouros nas duplas da classe BC4 e na disputa por equipes, classe BC1/BC2. O outro bronze veio nas duplas na classe BC3.
Gabriel Fialho, de Toronto, Canadá
Ascom - Ministério do Esporte
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O bicho-papão no halterofilismo é do México, mas o Brasil também já assusta
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- Publicado em Terça, 11 Agosto 2015 19:56