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Pedro Gonçalves, o Pepe, garante vaga olímpica na canoagem slalom

O último fim de semana rendeu mais uma vaga para o Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Pedro Gonçalves, o Pepe, garantiu a classificação para o K1 Masculino durante a 2ª Etapa da Copa do Mundo de Canoagem Slalom, em La Seu d’Urgell, na Espanha.

O atleta garantiu a segunda colocação entre os brasileiros no evento, mas mesmo com esse resultado o canoísta conseguiu assegurar sua participação nos Jogos do Rio, em agosto. “Depois de tanto tempo lutando eu consegui!”, comemorou Pepe. Ricardo Taques foi o melhor brasileiro no K1 Masculino em La Seu d’Urgell, terminando em 36º (104.14s) na disputa da semifinal. Pedro Gonçalves, Renan Soares e Guilherme Mapelli pararam nas classificatórias.

Pedro Gonçalves, o Pepe: sonho realizado com a vaga para os Jogos Olímpicos Rio 2016. (Foto: CBCa)Pedro Gonçalves, o Pepe: sonho realizado com a vaga para os Jogos Olímpicos Rio 2016. (Foto: CBCa)

Ana Sátila avançou à semifinal no K1 Feminino e terminou em 7º lugar depois de uma descida sem penalidades. “Consegui diminuir duas posições da primeira para a segunda etapa” comenta a canoísta, que em Ivrea, na Itália, na 1ª Etapa da Copa do Mundo, tinha conquistado o 9º lugar.

Charles Corrêa e Anderson Oliveira, no C2 Masculino, chegaram à semifinal, mas com o tempo de 109.67 segundos eles ficaram somente na 15º posição, o que os deixou de fora da final. Já a dupla Welington Munhoz e Cassiano Alfredo não passaram das classificatórias.

No C1 Masculino, a briga pela vaga olímpica está quase definida. Felipe Borges fez o melhor tempo na segunda descida das classificatórias entre os brasileiros, com 104.88 segundos, e Leonardo Curcel ficou em segundo, com 104.98s. Charles Corrêa, que teria chances de alcançar Borges, ficou em terceiro, com 111.40s.

Com esses resultados, Borges precisa só garantir uma participação na 3ª Etapa da Copa do Mundo, em Pau, na França, para ficar com a vaga do C1 Masculino nos Jogos Rio 2016. “Estou confiante. Ainda prefiro esperar oficialmente”, disse o atleta.

K1: uma vaga disputada e sonhada
Em 2012, o canoísta Pedro Gonçalves achava que o “mundo havia acabado” em 13 centésimos de segundos. Esse foi o tempo que tirou de Pepe a vaga nos Jogos Olímpicos Londres 2012 e deu a classificação para o canadense David Ford.  “Eu vi a vaga pular nas minhas mãos” comentou o brasileiro.

Quatro anos mais tarde, os centésimos perseguiram o jovem atleta, durante a Seletiva Nacional, realizada em abril. Em uma disputa acirrada, ele foi o melhor por apenas 25 centésimos, ficando à frente de Ricardo Taques na disputa.  “Foi emocionante. Mas vi que a briga estava em aberto” declarou.

Pepe percebeu que a vaga não viria facilmente e que pequenos erros precisavam ser corrigidos. Nas duas etapas da Copa do Mundo, ele fez sua parte e garantiu sua primeira participação nos Jogos Olímpicos.

Natural de Piraju (SP), Pepe saiu de casa em busca de crescimento esportivo com apenas 16 anos. Ele se mudou para Foz do Iguaçu e hoje é um dos símbolos da sua cidade natal, ao lado da dupla Charles Corrêa e Anderson Oliveira.

Agora, Pepe tem dois sonhos: “Quero conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos do Rio e torcer para que meu esporte seja mais conhecido e reconhecido no cenário nacional, a começar por minha cidade, que tem talentos incríveis para serem explorados”, afirmou.

As atenções agora vão se voltar para Pau, na França, onde será disputado, no próximo fim de semana, de 17 a 19 de junho, a 3ª Etapa da Copa do Mundo de Canoagem Slalom.

» Equipe Brasileira na 2ª Etapa da Copa do Mundo de Canoagem Slalom, em La Seu d’Urgell, na Espanha:

Atletas
(K1F/C1F) Ana Sátila
(C2) Anderson Oliveira e Charles Corrêa
(C2) Cassiano Alfredo e Wellington Munhoz
(C1M) Felipe Borges
(C1M) Leonardo Curcel
(K1M) Guilherme Mapelli
(K1M) Pedro Gonçalves
(K1M) Renan Soares
(K1M) Ricardo Taques

Equipe Técnica
Ettore Ivaldi
Guille Diez-Canedo
Jordi Domenjo
Diorgines Antunes
Antônio Carlos Pinto

Fonte: Confederação Brasileira de Canoagem

Com 16 anos, Bruna Takahashi se prepara para estreia olímpica em 2016

Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro serão a porta de entrada para uma nova geração de atletas que estarão no auge esportivo em 2020, quando o evento será disputado em Tóquio, no Japão. A partir do dia 5 de agosto, muitos jovens terão a oportunidade de vivenciar pela primeira vez uma experiência olímpica. A mesatenista Bruna Takahashi, de 16 anos, faz parte dessa turma.  
 
Com estilo de jogo ofensivo, a paulista de São Bernardo do Campo vem colecionando feitos inéditos no tênis de mesa nacional, comprovando que todos aqueles que apostaram na atleta agora podem ver que a promessa virou realidade. Bruna faz parte do programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte. 
 
Foto: Divulgação/CBTMFoto: Divulgação/CBTM
 
Na última edição dos Jogos Olímpicos, em Londres (2012), Bruna tinha apenas 12 anos. O sonho olímpico parecia distante à época, mas foi naquele período que a jovem iniciou o trabalho com o objetivo de figurar entre as melhores, com participação em torneios internacionais e apoio da confederação. O primeiro desafio fora do país foi na Suécia, durante seletiva do Hopes, da ITTF, e depois participou de treinamentos na Espanha e na França.
 
Em 2015, a mesatenista despertou a atenção internacional. Depois de vencer o Desafio Mundial de Cadetes, ela se tornou a primeira brasileira campeã mundial feminina individual. Além dos feitos, Bruna se tornou campeã individual da Copa Latina de Cuba (2015); campeã infantil no Aberto da República Tcheca (2015); campeã infantil e juvenil no Aberto do Paraguai (2015); campeã sub-21 do Aberto do Chile (2015); vice-campeã por equipes nos Jogos Pan-Americanos (2015); e campeã nas duplas do Aberto do Chile (2015). 
 
“Poder disputar com jogadoras de outros países foi muito bom e muito importante para adquirir experiência. Tudo isso graças à confederação brasileira e ao Ministério do Esporte”, conta. 
 
Foto: Divulgação/CBTMFoto: Divulgação/CBTM
 
Habilidade, concentração e agilidade são as atribuições que fizeram a paulista se encantar com o tênis de mesa. A jovem conta que tudo começou como um hobby. “Fazia escolinha de tênis de mesa em um clube próximo da minha casa chamado Acrepa (Associação Cultural e Recreativa da Vila Pauliceia), em São Bernardo do Campo. Participava duas vezes por semana e era mais para ter uma atividade física”, revela.
 
A rotina de treinamento da atleta é intensa, em dois períodos. De manhã, o foco é a academia. Descansa depois do almoço e, no segundo período, volta ao treinamento. À noite ela vai à escola, onde cursa o segundo ano do ensino médio. 
 
Rio 2016
Sobre a oportunidade de disputar os Jogos Olímpicos, Bruna Takahashi se mostrou concentrada com a missão que terá em agosto. “Fiquei muito feliz, pois isso mostra que estou no caminho certo. Sei que tenho muito a melhorar e vou batalhar para chegar ao alto nível”, afirma. A paulista vai disputar as partidas por equipe feminina, junto com Caroline Kuhamara e Lin Gui.
 
 
Bruna sabe que a participação nos Jogos Olímpicos de 2016 será uma experiência única. Porém, a jovem espera subir ao pódio Olímpico em 2018, nas Olimpíadas da Juventude.  
 
“Como sou da categoria juvenil, tenho que melhorar para ter um bom nível para jogar pela categoria adulto. Meu sonho é chegar ao alto nível e estar entre as 100 melhores do mundo. Também batalharei para jogar nas Olimpíadas da Juventude em 2018 e chegar ao pódio”, diz. 
 
Breno Barros
Ascom – Ministério do Esporte

Barcelona 1992: E o vôlei enfim chegou lá

Era verão na Europa. E o ginásio de Montjuïc, em Barcelona, fervilhava por conta de um calor bem diferente naquele 26 de julho de 1992. Diante da Coreia do Sul, a Seleção Brasileira masculina de vôlei, depois de dois sets equilibrados, vencidos por 15/13 e 16/14, se impôs na terceira etapa e fechou o duelo, o primeiro do time naquela edição dos Jogos Olímpicos, com um placar mais confortável: 15/7.

Do lado de fora da quadra, o paulista José Roberto Guimarães havia acompanhado tudo com uma perturbadora angústia, um sentimento incômodo que só foi embora quando o time finalmente marcou o 15º ponto no terceiro set. Emocionado e sentindo que havia tirado um peso das costas, Zé Roberto percorreu as arquibancadas com os olhos e, depois, foi comemorar o triunfo de seu time de uma maneira que ele jamais esqueceu.

“Esse foi um jogo para mim épico, porque eu estava muito nervoso, muito ansioso. Eu estava ávido por um resultado positivo”, conta o treinador. “E quando esse jogo termina, a minha mulher estava no ginásio e eu vou cumprimentá-la. Eu chorava que nem criança. Na minha cabeça, eu pensava: ‘Nós já estamos classificados para a outra fase. Nós já não estamos fora. Pelo menos entre os oito times do mundo a gente já está’. Olha como é que estava funcionando a minha cabeça... A gente saiu do Brasil pelo menos para tentarmos ser quarto colocado” prossegue Zé Roberto.

José Roberto Guimarães é lançado ao ar pelos jogadores após a conquista do ouro olímpico em Barcelona: estreia dourada como técnico nos Jogos. (Foto: Arquivo/Agência O Globo)José Roberto Guimarães é lançado ao ar pelos jogadores após a conquista do ouro olímpico em Barcelona: estreia dourada como técnico nos Jogos. (Foto: Arquivo/Agência O Globo)

O que nem ele e muito menos nenhum dos jogadores ou qualquer pessoa na comissão técnica podia imaginar era que a vitória sobre os sul-coreanos representava o início de uma caminhada sem precedentes para o vôlei brasileiro. Ali começava uma trilha que consagraria o Brasil na Espanha e transformaria o treinador e aqueles jogadores em ídolos do esporte nacional.

Nascido em 31 de julho de 1954, na pequena cidade de Quintana, no interior de São Paulo, Zé Roberto tinha todos os motivos para se sentir pressionado em Barcelona. Oito anos antes, em Los Angeles 1984, a Seleção Brasileira masculina de vôlei havia chegado à final dos Jogos Olímpicos e conquistado o maior resultado da modalidade para o país até então. A chamada geração de prata, com nomes como William, Renan, Montanaro e Cia., arrebatara uma legião de fãs e tinha transformado o vôlei em uma paixão nacional.

Tanto em Los Angeles 1984 quanto nos Jogos Olímpicos de Seul 1988, quando a Seleção masculina terminou em quarto lugar, o Brasil tinha no comando um técnico extremamente respeitado e conceituado internacionalmente: Bebeto de Freitas. Agora, na edição espanhola dos Jogos Olímpicos a situação era completamente diferente.

Em Barcelona, Zé Roberto – que como levantador havia disputado os Jogos Olímpicos de Montreal 1976 – experimentava seu batismo de fogo como técnico. Aos 37 anos, e ainda no começo da carreira como treinador, ele fora surpreendido, em 1992, já no ano olímpico, com o convite para assumir o comando do time brasileiro. Aceito o desafio, ele havia preparado a equipe de uma maneira inovadora, quebrando paradigmas em treinos e testando novas formas de atuar em quadra. Uma aposta ousada, que resultaria em uma recompensa inimaginável.

“A minha história na Seleção Brasileira de 1992 começa em 1989, quando o Bebeto me chama para ser o assistente técnico dele. Eu fiquei dois anos, 89 e 90, até o Mundial do Rio de Janeiro. O Mundial do Rio de Janeiro acaba e o Bebeto resolve ir para a Itália e aí a comissão técnica da Seleção Brasileira é desfeita, assume um outro técnico em 1991, e a minha carreira estava toda ela sendo já traçada para as seleções de base”, lembra o treinador.

“Eu já era técnico da Seleção infanto e juvenil do Brasil e tinha disputado dois campeonatos mundiais e sido vice-campeão nas duas competições. Aí as coisas com o Brasil não vão tão bem no Pan-Americano (de 1991, em Havana) e o Nuzman me chama e me faz o convite para ser o técnico da Seleção na Olimpíada”, prossegue o treinador, referindo-se a Carlos Arthur Nuzman, à época presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) e hoje presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Rio 2016.

“Lógico que para mim foi um susto ser convidado para um evento da magnitude dos Jogos Olímpicos, da responsabilidade que são os Jogos Olímpicos. Eu demorei um pouco para responder e quando eu respondo já começo a pensar na comissão técnica. Aí a gente monta com o Julinho, com o Matias e com o Marcos Miranda e a gente começa o treinamento”, detalha Zé Roberto.

Desconfiança
No início do trabalho que levaria o Brasil à glória em Barcelona, o treinador teve que superar alguns obstáculos que acabaram sendo determinantes para a conquista do ouro na Espanha. O primeiro, como era de se esperar, foi a desconfiança dos atletas.

“Eu já via que era um grupo talentoso. Eu era um dos que tinha trabalhado no sistema defensivo, que era a incumbência que o Bebeto tinha me dado. Então, eu já conhecia esses jogadores, já tinha jogado contra alguns deles (na época em que atuara como levantador) e isso me ajudou também com esse conhecimento”, lembra.

O técnico José Roberto Guimarães: estreante em Jogos Olímpicos como treinador, ele viveu seu batismo de foto em Barcelona. (Foto: Arquivo/Agência O Globo)O técnico José Roberto Guimarães: estreante em Jogos Olímpicos como treinador, ele viveu seu batismo de foto em Barcelona. (Foto: Arquivo/Agência O Globo)

“Quando começa o treinamento, lógico que eu via nitidamente nos olhos desses jogadores que eles não acreditavam muito na proposta de trabalho. Mas eles não acreditavam muito porque além de eu ser um técnico jovem, eu estava substituindo um dos melhores técnicos do mundo, que era um técnico que tinha estado com eles durante anos”, continua.

“Como técnico, eu tinha pouquíssima experiência. E lógico que tinha essa desconfiança, porque uma coisa é você ser assistente-técnico e outra coisa é você assumir a responsabilidade de um técnico no treinamento”, prossegue Zé Roberto.

“Ao mesmo tempo, na minha cabeça, eu tinha toda uma filosofia de trabalho que eu tinha aprendido com vários técnicos que foram importantes na minha carreira e nos últimos dois anos que eu tinha ficado com o Bebeto e com o Jorge Barros. Aí eu trago essa filosofia e, juntamente com o Marcos Miranda, que era o assistente-técnico, a gente bota isso em prática. E as coisas começam a acontecer”, conta o treinador.

“Uma das coisas que eu aprendi durante esses anos era fazer diferente, não copiar, não ter sempre o mesmo padrão. Ou seja, tentar aproveitar as melhores características dos jogadores que você tem como grupo. E foi isso o que a gente tentou fazer. Nós tínhamos jogadores super versáteis e que a gente poderia fazer, com esses jogadores, algumas mudanças táticas que poderiam revolucionar o voleibol do mundo. E na realidade foi isso o que aconteceu. Quando o time começa a treinar em um ritmo muito forte e começa a jogar com as melhores seleções do mundo, o time começa a chamar a atenção em alguns detalhes”, frisa Zé Roberto.

O fantasma de Cuba
O primeiro desafio de peso que Zé Roberto encarou com o Brasil foi a Liga Mundial em 1992, em geral um termômetro do que o planeta pode esperar em anos de Jogos Olímpicos. A competição caminhava para sua fase decisiva quando a Seleção Brasileira se viu diante de um fantasma que havia muito assombrava a equipe: Cuba.

Nas rodadas anteriores, o Brasil tinha feito uma campanha apenas razoável, tendo disputado 12 jogos e perdido cinco: um para a Coreia do Sul e todos os quatro duelos diante da Itália. Mas então, contra os cubanos, algo marcante aconteceu. Um momento esperado por muitos anos e que fortaleceu a Seleção Brasileira de uma maneira fundamental para o que estava por vir em Barcelona.

“O time faz uma trajetória normal (na Liga Mundial), mas melhorando, até o dia em que a gente vai jogar com Cuba. Isso faltava mais ou menos um mês para os Jogos Olímpicos. E já tinha oito anos que o time do Brasil não conseguia vencer o time de Cuba”, recorda Zé Roberto. A seguir, ele narra uma passagem que ficou para sempre gravada em sua mente:

“Dois a dois, 11 a 8 para nós (no quinto set), e acontece um lance nesse jogo onde a gente saca, o time de Cuba, através de um jogador chamado Sarmento, recebe, só que a bola vem para o nosso lado com uma bola que nós chamamos de xeque, de graça. O Carlão ataca e o levantador cubano está infiltrando. Quando o levantador cubano viu o Carlão pulando e ele não teve tempo de pular e viu o Carlão já na bola, ele puxa a rede por baixo. Quando ele dá esse toque na rede por baixo, eu levanto do banco e vou bater na rede, dizendo que ele tinha puxado, tentando mostrar para o juiz, mas não adianta. O juiz dá mão na rede do Carlão”, recorda.

“Eu fiquei alucinado e atravessei a quadra para o lado de Cuba e fui fazer alguns elogios para a mãe do levantador, que era o Diago (jogador que foi por muitos anos o capitão de Cuba). Quando os caras me viram fazendo isso, todo mundo veio correndo na minha direção. Amauri, Renan, Carlão... todo mundo veio me tirar daquela confusão. Eu tomo cartão vermelho, Cuba faz mais um ponto, vamos a 11 a 10, e aí os ânimos se acalmam. Eu sento no banco de novo e nisso veio o saque de Cuba. Eu nunca vi o Giovane saltar tanto na minha vida. A bola seguinte ele derrubou, botou no chão, e a gente fez o 12º. Na bola seguinte de Cuba, a gente consegue um contra-ataque e ele bate de novo, derruba, e a gente faz o 13º ponto. E aí, em um bloqueio, vem o 14º ponto. Depois Cuba consegue virar, faz o 11 x 14, e a gente fecha o jogo ganhando de Cuba em um jogo épico. Dois dias depois, a gente jogava de novo com Cuba e ganhamos. E aí o time começou a sentir que dava”, conta Zé Roberto, referindo-se à possibilidade de conquistar um bom resultado nos Jogos Olímpicos.

Os triunfos sobre os cubanos representaram um divisor de águas para o Brasil semanas antes dos Jogos Olímpicos. Os próximos desafios na Liga Mundial seriam contra os Estados Unidos e esses últimos dois confrontos serviriam para confirmar que a Seleção estava no caminho certo rumo ao que a esperava em Barcelona.

Tande ataca contra o Japão, nas quartas de final das Olimpíadas de Barcelona. (Foto: Aníbal Philot/Agência O Globo)Tande ataca contra o Japão, nas quartas de final das Olimpíadas de Barcelona. (Foto: Aníbal Philot/Agência O Globo)

“A gente vai jogar nos Estados Unidos e chegamos no dia 4 de julho (feriado do Dia da Independência). Nada funcionava. Não conseguimos treinar, foi um caos. Só conseguimos treinar no dia 5 e jogávamos no dia 6. Perdemos o jogo. Depois, jogamos no dia 8. Quando vamos treinar, no dia 7, o time estava voando, esmurrando a bola, já entrando no astral do jogo. A gente ganha dos Estados Unidos por 3 a 0, mas a gente não se classifica para a fase final (da Liga Mundial). A gente fica em quinto. Mas só que ali a gente nós éramos outro time”, frisa Zé Roberto.

Cortes e caixinha
Passada a Liga Mundial e já com as indicações de que ele tinha uma equipe com os ânimos renovados para trabalhar, Zé Roberto se viu diante de um novo momento de desconforto pelo qual todo o treinador tem que passar antes de grandes torneios: a definição do grupo, o que sempre implica em dispensar alguns atletas.

“Foi difícil. Todos os cortes foram difíceis. A gente começou a trabalho com 18 jogadores e aí tivemos que diminuir a lista até chegar em 14. Os dois últimos cortes foram muito complicados, que foram exatamente o Kid e o Claudinei, dessa geração. Mas só podiam ir 12 jogadores e foi o que aconteceu”.

Com o grupo dos Jogos Olímpicos de Barcelona formado por Maurício, Talmo, Marcelo Negrão, Janelson, Jorge Edson, Tande, Giovane, Paulão, Pampa, Douglas Chiarotti, Amauri e o capitão Carlão, Zé Roberto começou os trabalhos voltados para as Olimpíadas. E aí entrou em cena outra inovação.

“Na realidade, esse time tinha muitas regras. Nós tínhamos a caixinha, que funcionava para atraso, uniforme... Para tudo o quanto é horário que você possa imaginar, de café da manhã, almoço e jantar, tinha uma caixinha a ser paga para quem atrasasse. Do treino, do uniforme... Eu cheguei a colaborar, se não me engano, com 280 reais na caixinha. Quem mais pagou a caixinha foi o Carlão”, entrega.

“Mas era uma coisa que funcionava porque acabava mexendo com todo mundo, porque ninguém queria atrasar. Quem atrasasse era sacaneado pelo grupo e então acabou que mobilizou o grupo inteiro em função de uma regra de caixinha porque nós não queríamos mais nos desgastar. Quem era o responsável pela contabilidade da caixinha era o Pampa. Que fim levou esse dinheiro eu não sei. Eu sei que uma parte foi roubada nos Estados Unidos em um assalto que teve no nosso hotel antes dos Jogos Olímpicos. E ela continuou até as Olimpíadas. E nós nunca tivemos problemas por causa dela. Em relação a horário todo mundo cumpria à risca. Era bem engraçado até”, prossegue.

E foi assim – com um grupo confiante pelas vitórias sobre Cuba e Estados Unidos na Liga Mundial e cada vez mais comprometido nos treinamentos com medo dos gastos com a caixinha – que o Brasil entrou em quadra naquele 26 de julho de 1992 para estrear com vitória sobre a Coreia do Sul nas Olimpíadas de Barcelona.

Rússia e Holanda
O segundo compromisso do Brasil nos Jogos Olímpicos de 1992, no dia 28 de julho, foi contra a chamada Equipe Unificada, formada por países da antiga União Soviética, cujo bloco comunista havia se dissolvido no ano anterior.

No vôlei, a Equipe Unificada era apenas um nome diferente para a Rússia e é esse o adversário que Zé Roberto se recorda quando comenta a vitória do Brasil por 3 x 1, com parciais de 15/6, 15/7, 9/15 e 16/14.

“Foi um 3 a 1 em um ginásio que não era o principal e ali tinha Oleg, Fomin, Kuznetsov... Era um senhor time. Era um timaço aquele time da Rússia. Quando a gente ganha esse jogo, o mundo começa a olhar para a gente de uma outra maneira. Foi uma vitória que a gente esperava um 3 a 2, esperava uma dificuldade, e logicamente que a gente estava em um apreensão muito grande pelo resultado. Aí o time começa a entrar em um patamar de jogo que a Rússia não conseguia acompanhar e aquilo chamou a atenção da gente. Nós estávamos com o time muito certinho. Muita gente atacando de várias posições, o bloqueio acontecendo, a defesa... Aí isso começou a chamar atenção para o nível que a gente estava”, analisa o treinador.

Com duas vitórias contundentes nos dois primeiros desafios olímpicos, a Seleção Brasileira partiu para o seu terceiro compromisso em Barcelona, no dia 30 de julho, desta vez diante da Holanda. O resultado foi um novo triunfo, desta vez por 3 x 0, com parciais de 15/11, 15/9, e com direito a um desconcertante 15/4 na última parcial, o que mudou a maneira como o Brasil passou a se ver naquela edição dos Jogos.

“Quando a gente vai jogar com a Holanda e eu vejo o time da Holanda entrando em quadra, já que a gente nunca tinha jogado com eles nem na Liga Mundial, eu olhei aquele time daquele tamanho e falei: ‘Meu Deus do céu.!’ Tinha um jogador de 2,16m. O levantador tinha 2,04m. O central era um dos menores do time e tinha 2 metros. Eu falei: ‘Nossa Senhora! Como é que nós vamos passar por esse bloqueio?’”, conta Zé Roberto.

Um dos destaques da campanha dourada em Barcelona, Marcelo Negrão ataca contra a Holanda, na terceira partida da fase classificatória. Os rivais reencontrariam o Brasil na final. (Foto: Aníbal Philot/Agência O Globo)Um dos destaques da campanha dourada em Barcelona, Marcelo Negrão ataca contra a Holanda, na terceira partida da fase classificatória. Os rivais reencontrariam o Brasil na final. (Foto: Aníbal Philot/Agência O Globo)

“Começa o jogo e o nosso time jogando com muita velocidade, bom passe, e o time da Holanda com dificuldade na marcação. Vira daqui, vira de lá, e a gente ganha o primeiro set, ganha o segundo e aí, na hora que a gente ganhou o terceiro e ganha por três a zero de um time que era considerado um dos melhores do mundo, nós começamos a acreditar e ver as Olimpíadas de uma forma diferente”, continua.

A vitória sobre a Holanda colocou o Brasil nos holofotes e com três triunfos na conta os rivais começaram a atentar que o time de Zé Roberto, embora não tivesse se classificado entre os quatro melhores na Liga Mundial, não era uma equipe que deveria ser desprezada.

“Quando a gente começa a entrar na Vila (após o resultado diante dos holandeses), as pessoas começavam a falar: ‘Pô, os cruzamentos vão mudar... Tudo o que se esperava vai mudar’. Eu ouço isso do técnico da Itália e aí eu já começo a pensar que a coisa pode acontecer diferente. Mesmo assim, todos nós ainda mantínhamos os pés no chão. Ninguém pensava muito grande ou sonhava ainda em ser medalha de ouro”, ressalta Zé Roberto.

De novo, os cubanos
Dois dias depois de terem abatido a Holanda, o Brasil voltou à quadra, no dia 1º de agosto, para encarar mais uma vez a turma da ilha de Fidel Castro. Assim como o Brasil, Cuba vinha de três vitorias – sobre a Holanda, a Argélia e a Rússia. Portanto, aquela partida era um duelo de invictos em Barcelona. E mais do que isso, uma enorme rivalidade servia para tornar o duelo ainda mais interessante.

“Nós tínhamos ganhado os últimos dois jogos de Cuba, mas eram oito anos perdendo. Aí, o quarto jogo (nas Olimpíadas), contra Cuba, começa no mesmo diapasão. O time jogando melhor do que tinha jogado no Brasil, o time de Cuba sendo marcado muito bem, o Joel Despaigne (atacante) com dificuldade de virar, os dois centrais com dificuldade ali no centro, os ponteiros com dificuldade no passe e o time do Brasil virando com facilidade, principalmente nos contra-ataques”, detalha Zé Roberto.

“E aí a gente fecha o jogo por três sets a um (com parciais de 15/6, 15/8, 12/15 e 15/8) e praticamente ali era selado o primeiro lugar do grupo, porque nós tínhamos a Argélia pela frente, que era o próximo adversário”, encerra o técnico do Brasil.

Nos dois dias seguintes após a vitória sobre Cuba, Zé Roberto ocupou-se em segurar os ânimos de seus jogadores. A caminhada até ali tinha sido muito bem-sucedida, mas ainda havia um último compromisso na fase de classificação e era preciso evitar o perigo do deslumbramento.

No dia 3 de agosto, o Brasil encarou a Argélia em um confronto que não foi o passeio que muitos esperavam. “Aí vem aquela coisa do técnico, que vai para a preleção com aquela coisa de ter cuidado e com a euforia (dos jogadores) lá em cima e eu preocupado com a Argélia, que era franca atiradora e sem muito a perder”, lembra o treinador.

“O jogo com a Argélia começa com uma dificuldade, o time não joga, não vira, e a Argélia criando problema no nosso time. Aí eu começo a mudar. Também era a chance de dar oportunidade para outros jogadores. E nesse jogo começa a entrar o banco. Entra Pampa, Amauri, Talmo, Jorge Edson, e aí a gente consegue ganhar da Argélia por três a zero”, resume. O placar terminou com parciais de 15/8, 15/13 e 15/9.

Desse jogo, em particular, as memórias de Zé Roberto vão além do que aconteceu dentro de quadra. “Quando eu vou para a coletiva de imprensa, um dos repórteres que está no fundo da sala me pergunta: ‘Vocês não acham que vocês menosprezaram o time da Argélia?’ Rapaz, aquela pergunta parece que ferveu os meus miolos. Eu saí de mim, porque eu disse: ‘A gente está passando um sufoco aqui, fizemos o que nós fizemos até agora e a Argélia jogou muito bem’. Nosso time tinha dado uma baixada de adrenalina, mas não foi desrespeito pela Argélia, até porque nós tínhamos passado sufoco até aquele momento, apesar de termos ganho”, desabafa o treinador.

Japão nas quartas de final
No dia 5 de agosto, a Seleção Brasileira retornou ao ginásio de Montjuïc para disputar a primeira partida da fase de mata-mata. Nas quartas de final, o rival foi o Japão e agora não havia mais margem para erro. Ao perdedor restava fazer as malas e voltar para casa.

“Aí vem o cruzamento com o Japão e era sempre jogo difícil pela velocidade com que o Japão jogava, com um time que explorava muito o nosso bloqueio. E era um time que também tinha uma defesa muito eficaz”, analisa Zé Roberto.

“Mas a gente consegue passar pelo Japão por três a zero (parciais de 15/12, 15/5 e 15/12). O Japão tinha um jogador chamado Ohtake, que tinha 2,17m e era um cara que chamava muita atenção e que estava difícil de marcar. Até que o Jorge Edson entra em uma substituição em um momento de dificuldade e consegue tocar numa bola, a gente faz o contra-ataque e consegue fechar o set. Aí a gente classifica para a semifinal, para o jogo contra os Estados Unidos”, lembra o treinador.

Da esquerda para a direita, sentido horário, Maurício, Paulão, Giovane, Marcelo Negrão e Tande comemoram, durante confronto com os Estados Unidos, na semifinal das Olimpíadas de Barcelona 1992. (Foto: Arquivo/Agência O Globo)Da esquerda para a direita, sentido horário, Maurício, Paulão, Giovane, Marcelo Negrão e Tande comemoram, durante confronto com os Estados Unidos, na semifinal das Olimpíadas de Barcelona 1992. (Foto: Arquivo/Agência O Globo)

O Brasil na semifinal
Superado o Japão, a Seleção Brasileira garantiu lugar na semifinal dos Jogos Olímpicos de Barcelona. Naquele momento, José Roberto Guimarães, os jogadores e toda a comissão técnica conquistaram a meta inicial, traçada quando o time deixou o Brasil.

“Quando a gente passou entre os quatro, a gente já tinha meio que cumprido o dever de casa. Não íamos passar vergonha. Nós iríamos voltar para casa pelo menos com o dever cumprido e com a meta alcançada. Mas nós não tínhamos tirado um peso. Tudo aquilo tinha dado uma euforia maior e, ao mesmo tempo, como nós tínhamos ganhado um jogo dos Estados Unidos e perdido outro, a gente sabia que podíamos jogar de igual para igual com eles e que era um jogo que a gente poderia ganhar”, conta.

Do outro lado do Atlântico, encantada com a maneira daquela Seleção jogar, a torcida brasileira estava cada vez mais confiante, embora, em Barcelona, nem Zé Roberto e nem os jogadores tivessem noção do que estava se passando no Brasil. Na terra do futebol, o vôlei estava cada vez mais em evidência pela expectativa de um sonhado ouro olímpico. Enquanto isso, na Espanha, o desafio, naquele momento, era lidar com a ansiedade por mais um duelo contra os Estados Unidos, que poderia garantir ao time, pelo menos, a medalha de prata.

“Aí vem a expectativa e a ansiedade na Vila. Os meninos já começam a dormir um pouco mal pela possibilidade (de chegar à final). A gente não tinha ideia do que estava acontecendo no Brasil, até porque não tinha internet ainda. Era só por telefone, por orelhão, e todo mundo ainda duro, então não tinha muita possibilidade de falar em casa”, conta o técnico.

O Brasil estava a um passo de repetir o feito da Seleção de 1984. Mas, àquela altura, mesmo com uma campanha tão significativa, a conquista do ouro ainda era, para todos, algo impensável. “Imagina... O Brasil tinha perdido em 88 (nos Jogos Olímpicos de Seul) e tinha perdido em 84 (Los Angeles, na final) para os Estados Unidos. Então ninguém pensava nisso de maneira nenhuma. Nas últimas competições nós tínhamos perdido para eles. Existia a possibilidade de a gente jogar de igual para igual com eles. Essa era a nossa ideia. Mas pensar em ser campeão olímpico jamais”, reforça Zé Roberto.

De novo na final
No dia 7 de agosto, a Seleção Brasileira masculina de vôlei mais uma vez entrou em quadra para brigar por um lugar em uma final dos Jogos Olímpicos. E aí entra em cena uma incrível coincidência.

No dia 8 de agosto de 1984, quase que exatamente oito anos antes, o Brasil havia enfrentado a Itália na semifinal masculina dos Jogos Olímpicos de Los Angeles. O resultado foi uma vitória por 3 x 1, com a equipe do técnico Bebeto de Freitas tendo que se recuperar após ter perdido o primeiro set por 15/12.

Em Barcelona, a história do Brasil se repetiu exatamente da mesma forma. Se os italianos venceram o primeiro set em 1984 por 15/12, desta vez foram os Estados Unidos que aplicaram o mesmo placar na Seleção Brasileira na primeira parcial daquela semifinal olímpica. Mas, assim como ocorreu em Los Angeles, a recuperação foi rápida. E o time de José Roberto Guimarães fechou os três sets seguintes por 15/8, 15/9 e 15/12 para selar a vaga na decisão dos Jogos de 1992.

“Quando a gente começa, no primeiro set, que foi 15 a 12, nós erramos 13 saques. E na minha cabeça, do jeito como o time estava jogando e pela forma como o time estava se comportando, se a gente encaixasse um pouquinho mais o saque a gente tinha chances. Porque o time estava errando muito pouco e tinha equilibrado o jogo com os Estados Unidos”, recorda Zé Roberto.

O levantador Maurício: maestro de um time imbatível nos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992. (Foto: site do atleta)O levantador Maurício: maestro de um time imbatível nos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992. (Foto: site do atleta)“Aí a gente ganha o segundo set, o terceiro e o quarto. A gente ganha por 3 x 1. Quando a gente ganha aquele jogo e entra na zona de medalha, a gente já tinha repetido o melhor resultado do Brasil, mas sem boicote. Porque quando o Brasil foi vice-campeão houve o boicote (dos países do bloco soviético, que não disputaram os Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles, por conta da guerra fria) e a Rússia não tinha jogado. Ali a gente já tinha feito história dentro dos Jogos Olímpicos e dentro do voleibol do mundo”, ressalta o técnico.

Um treino decisivo
O que um treinador estreante nos Jogos faz quando sua equipe, contrariando as próprias expectativas, avança a uma final olímpica? José Roberto Guimarães se lembra muito bem das medidas que tomou após o sucesso diante dos Estados Unidos.

“A minha única preocupação era manter tudo aquilo que a gente tinha feito até então. Eu sou muito pé no chão nesse sentido. Eu não queria que o time tivesse um outro deslumbramento, tivesse um outro foco ou que o time se achasse (melhor do que era)”, explica. “Então, a única coisa era manter os rituais, manter a concentração, evitar ao máximo o contato com a imprensa, porque depois que a gente começou a passar (de fase) a gente começou a ser mais frequentado, mais assediado, porque antes a gente não era. E aí começa a ter uma euforia muito grande”.

Felizmente, não era apenas Zé Roberto que pensava assim. “O grupo logo assimilou. Eles mesmos já estavam fechados nessa situação de continuarem fazendo as mesmas coisas. A gente manteve os mesmos rituais, de chegar do treino e dar um mergulho na praia que ficava na Vila, a gente almoçava e jantava junto, então a gente conservou os mesmos rituais desde o início. Mesmo depois de ter ganhado dos Estados Unidos e ter passado para a final a gente não alterou absolutamente nada”, revela.

No dia 8 de agosto, um novo episódio marcante para José Roberto Guimarães se passou em quadra. Desta vez longe dos holofotes da imprensa. Para ele, aquela experiência surgiu quase que como uma epifania.

“No dia seguinte (à vitória sobre os Estados Unidos), a gente vai treinar e lógico que tem uma euforia no ar. Mas ali a gente treina 45 minutos para jogar contra a Holanda, que tinha ganhado de Cuba, e quando eu vejo aqueles 45 minutos de treino teve uma particularidade. Eu parei o treino antes do final. Ou seja: nós estávamos programados para treinar uma hora, uma hora e quinze. Quando deu 45 minutos eu disse: ‘Para, para, para...’ E os caras: ‘Tá maluco? Parou o treino? Você sempre treina a mais? O que está acontecendo?’ E eu disse: ‘Eu não preciso ver mais nada. Eu já vi o que eu queria ver. Não preciso mais ver. Agora nós temos só que descansar, concentrar e  o mais importante é que ninguém se machuque. Vamos para o jogo! Estamos prontos!’”

Uma noite diferente
Marcelo Negrão: uma das principais estrelas na campanha do ouro, ele foi o autor do último ponto do Brasil em Barcelona com um saque inesquecível. (Foto: site do atleta)Marcelo Negrão: uma das principais estrelas na campanha do ouro, ele foi o autor do último ponto do Brasil em Barcelona com um saque inesquecível. (Foto: site do atleta)Encerrado o último treino antes da final, Zé Roberto experimentou pela primeira vez a estranha sensação de espera que todos os que avançam a uma decisão olímpica são forçados a viver na noite que antecede o momento de brigar pela medalha de ouro. E ele não demorou a descobrir que aquela noite era completamente diferente de todas as outras que ele havia vivido até ali.

“Não foi normal. Nós estávamos em dois apartamentos e eu dormia no mesmo quarto que o assistente técnico, o Marcos Miranda. O Matias e o Julinho, que eram o fisioterapeuta e o preparador físico, ficavam no outro quarto”, conta o treinador.

“Eu não conseguia dormir e levantei e fui para sala. Quando eu chego na sala, eu vejo o Tande. Aí eu pensei: ‘Esse moleque não está conseguindo dormir. Vou ter que conversar com ele’. Aí sento na sala, fico conversando e tal, perguntando como está a vida, o que ele está achando, mas querendo que ele sinta sono e que vá descansar. Depois de uma hora, uma hora e meia de papo, ele vai para a cama dele, dorme, e eu ainda fico um pouco ali, porque eu não conseguia dormir”, narra.

Passar pela noite da véspera de um momento tão importante, entretanto, é apenas uma parte do ritual dos finalistas olímpicos. A angústia não termina quando o sol surge. Ainda restam as horas de espera até o momento de disputar a medalha de ouro. E Zé Roberto tem registrado em detalhes na memória tudo o que viveu no histórico 9 de agosto de 1992.   

“Naquele dia, a gente levanta cedo para o café. O tempo estava meio nublado em Barcelona. Aí nós vamos para a região do ônibus, eu sento no mesmo lugar que eu sempre sentei nos ônibus, todos os jogadores na mesma posição, e aí vamos para Montjuïc. Estão jogando Cuba e Estados Unidos (na disputa do bronze). Aí eu chego para o pessoal da organização e pergunto: ‘Qual o nosso vestiário?’. E eles dizem: ‘O vestiário de vocês é aquele ali’. Eu olho e digo: ‘Não, eu não vou não! Nós vamos esperar o vencedor do jogo entre Cuba e Estados Unidos e nós vamos para o vestiário do vencedor’. Eu queria a energia positiva de quem ganhou a semifinal. Esperamos limpar o vestiário e fomos para o vestiário de Cuba. Aí teve a preleção. Mas aí já estava todo mundo viajando, achando que nós tínhamos ganhado da Holanda e que a gente podia repetir o feito”.

9 de agosto de 1992 – Um ouro histórico
Em resumo, é correto afirmar que, diante da Holanda, a Seleção Brasileira masculina de vôlei foi engatando as marchas set a set. Basta ver o placar: vitória por 3 x 0, com parciais de 15/12, 15/8 e 15/5.

O final daquela gloriosa campanha na Espanha termina com uma cena que milhões de brasileiros que acompanharam aquela partida jamais se esqueceram: um saque indefensável do camisa 1 da Seleção Brasileira: Marcelo Negrão. Para José Roberto Guimarães, contudo, a história da primeira medalha de ouro do vôlei brasileiro em Jogos Olímpico já tinha sido escrita momentos antes da pancada de Negrão do fundo da quadra.

“Na realidade não foi naquele momento”, diz o treinador, referindo-se ao que ele pensou quando o Brasil tornou-se um campeão olímpico. “Eu já não estava ali no 12º ponto. Até o cinco a cinco foi igual. Mas depois a gente fez seis, sete, oito, nove... No 12º ponto, quando eu vi que o time estava muito equilibrado e que a gente tinha possibilidade de ganhar, eu já não estava mais ali. Na minha cabeça eu queria que acabasse aquele jogo. Eu não via a hora daquilo terminar. Estava faltando ar, faltando fôlego, faltando tudo o que você possa imaginar. Eu já não estava raciocinando, eu já não estava ajudando o time”, confessa.

A equipe do Brasil festeja, no pódio, a conquista do ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992 após o triunfo sobre a Holanda na final. (Foto: Aníbal Philot/Agência O Globo)A equipe do Brasil festeja, no pódio, a conquista do ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992 após o triunfo sobre a Holanda na final. (Foto: Aníbal Philot/Agência O Globo)

“Mas eles estavam muito tranquilos. Eu olhava para o time e a única coisa que me deixava tranquilo era que eu via que eles também estavam demasiadamente conscientes do que estavam fazendo. E o time do lado de lá todo perdido, correndo e errando, e o nosso time muito sereno. Virava, virara... ponto! Virava, virava... ponto! Até o 14º, quando foi o Marcelo Negrão para o saque. A gente fez um rodízio todo no 14 a 5 até o Marcelo voltar para o saque. Foi quando ele fez o ponto”, continua.

Euforia no retorno
Celebrar o ouro em Barcelona foi uma coisa. A festa em quadra após o triunfo diante da Holanda e a emoção e euforia na premiação foi seguida por momentos de grande alegria na Vila Olímpica. Mas foi apenas no retorno ao Brasil que José Roberto Guimarães e todos os envolvidos naquela façanha tiveram a verdadeira consciência do feito protagonizado na Europa.

“Demorou até a gente voltar para o Brasil e entender o que estava acontecendo aqui. Demorou até chegar ao aeroporto (em Congonhas). Teve a invasão do aeroporto. Eu estava sentado na mesa e falei com o cara da polícia: ‘O negócio não é comigo, é com os jogadores. Deixa eu ficar quietinho aqui’. Eu só via o pessoal passar correndo. Quebraram o vidro do aeroporto, queriam abraçar os meninos, queriam festejar junto com os meninos e eu só vendo passar o povo...”, lembra o treinador.

“Aí depois isolaram a gente em uma sala. O carro do Corpo de Bombeiros já estava posicionado. Nós fomos no ônibus até a corporação do Corpo de Bombeiros na Tiradentes e na Tiradentes a gente subiu no carro do Corpo de Bombeiros e ali a gente passou pela 23 de Maio. Quando a gente passou pela 23 de Maio parou tudo no lado de lá, com todo mundo em cima das pontes, saindo para fora dos prédios, dos edifícios... Foi aí que a gente se deu conta do que tinha acontecido no Brasil e de que a coisa estava diferente”, continua.

Jogadores e comissão técnica posam para foto após a premiação nos Jogos de Barcelona 1992: momento histórico do primeiro ouro olímpico do vôlei brasileiro. (Foto: Aníbal Philot/Agência O Globo)Jogadores e comissão técnica posam para foto após a premiação nos Jogos de Barcelona 1992: momento histórico do primeiro ouro olímpico do vôlei brasileiro. (Foto: Aníbal Philot/Agência O Globo)

Ali, José Roberto Guimarães não tinha como ter noção do que o destino lhe reservaria após os Jogos Olímpicos de Barcelona. Mas o fato é que sua história de sucesso nas Olimpíadas estava longe de terminar com o ouro de 1992. Em seu caminho ainda haveria espaço para outros dois momentos de igual grandeza, desta vez com a Seleção Brasileira feminina, nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 e Londres 2012. Mas essas são duas histórias que serão contadas separadamente e mais adiante na série de reportagens Brasil de Ouro...

Por ora, o treinador se limita a recordar como se sentiu ao olhar para trás e perceber que, aos 38 anos, tinha se tornado um campeão olímpico. “Primeiro, eu sou um cara muito de raízes. Uma das coisas mais importantes de uma pessoa é jamais esquecer de suas raízes. Então eu sempre me lembrei muito de onde eu vim, dos meus sonhos, das pessoas que eu encontrei, das pessoas que me ajudaram, o porquê que eu fui para o vôlei, como eu fui para o vôlei, o que aconteceu na minha vida dentro do vôlei e o meu sonho, depois de ter parado de jogar, de virar técnico, dando prosseguimento da minha carreira como treinador sem sair do vôlei”, diz Zé Roberto.

“A minha maior preocupação era não abandonar o vôlei. E eu consegui manter isso. Eu tenho toda essa história de gerações atrás de mim, de jogadores que tanto colaboraram, que tanto fizeram, que não eram profissionais, pois a maioria estudava, trabalhava, e que tinham um sonho de conquistar um dia uma medalha de ouro como nossos grandes ídolos japoneses, tchecos, que foram as escolas que acabaram influenciando a escola brasileira. Eu me vi naquele centro do furacão junto com os jogadores. Nós conseguimos uma conquista que o mundo sonha conquistar. Então foi uma coisa maior do que um sonho realizado. Ali eu já podia morrer que já estava feliz”, encerra o técnico.

Hoje, perto de completar 61 anos, José Roberto Guimarães é um dos maiores nomes do esporte brasileiro em todos os tempos. Ele é o único brasileiro com três medalhas douradas em Jogos Olímpicos no currículo e único treinador do planeta a ter levado um time masculino e um feminino ao topo do pódio olímpico. Uma história que, todos esperam, possa ter mais um capítulo vitorioso no Rio de Janeiro, em agosto, nos Jogos Olímpicos do Brasil.

Luiz Roberto Magalhães – brasil2016.gov.br

Ascom - Ministério do Esporte

Time Brasil alcança 100 atletas militares classificados para o Rio 2016

A parceria entre os ministérios do Esporte e da Defesa alcançou sua meta de classificar 100 atletas militares que irão em busca de medalhas na competição. O objetivo foi atingido no início deste mês, após a divulgação pela Confederação Brasileira de Ciclismo dos nomes das sargentos da Aeronáutica Clemilda Fernandes e Flávia Paparella, na modalidade de ciclismo de estrada.
 
O Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) é uma parceria que tem o objetivo de fortalecer a equipe militar brasileira em eventos esportivos de alto nível. Até o momento, o Time Brasil conta com 214 atletas para os Jogos Rio 2016. Desse total, 40 são da Marinha, 41 do Exército e 19 da Aeronáutica. A equipe de judô é exclusivamente militar. A modalidade está entre as apostas de medalhas brasileiras para as Olimpíadas.
 
Sargento do Exército, Yane Marques vai buscar sua segunda medalha olímpica nos Jogos Rio 2016. Foto: Felipe Barra/MDSargento do Exército, Yane Marques vai buscar sua segunda medalha olímpica nos Jogos Rio 2016. Foto: Felipe Barra/MD
 
Outra delegação composta em grande parte por atletas militares é a de natação. Estão classificados 29 nadadores, dos quais 13 integram o programa de desporto militar do Ministério da Defesa.
 
O número de atletas das Forças Armadas classificados é o dobro da quantidade das Olimpíadas de Londres, em 2012, quando 51 militares competiram. “É um marco relevante na história do desporto militar brasileiro. Como ainda existem vagas em disputa, temos grandes possibilidades de ampliar esta participação”, afirma o diretor do Departamento de Desporto Militar, almirante Paulo Zuccaro.
 
O próximo desafio do Ministério da Defesa é contribuir para o resultado do Brasil nos Jogos com a conquista de medalhas. “Este feito aumenta nossos compromissos e nossas responsabilidades na busca de outra meta, a de que nossos atletas militares conquistem pelo menos 10 medalhas nos Jogos Olímpicos Rio 2016”, comenta Zuccaro.
 
Em Londres, os militares subiram ao pódio cinco vezes. A sargento do Exército Yane Marques obteve medalha de bronze no pentatlo moderno. Já os judocas Felipe Kitadai, Rafael Silva e Mayra Aguiar conquistaram três medalhas de bronze e o ouro veio pelas mãos da também judoca da Marinha Sarah Menezes.
 

Parceria

Os esportistas têm à disposição todos os benefícios da carreira militar, como salários, plano de saúde, férias e assistência médica, incluindo nutricionista e fisioterapeuta, além de disporem de todas as instalações esportivas militares adequadas para treinamento. Os atletas também são beneficiados pelas bolsas Pódio e das categorias Olímpica, Internacional e Nacional do Ministério do Esporte.
 
Atualmente, integram o PAAR 670 atletas, sendo 594 militares temporários e 76 de carreira. O programa inclui 26 modalidades olímpicas (atletismo, badminton, basquete, boxe, ciclismo, esgrima, futebol, golfe, handebol, hipismo, judô, levantamento de peso, lutas associadas, maratona, nado sincronizado, natação, pentatlo moderno, remo, saltos ornamentais, taekwondo, tiro, tiro com arco, triatlo, vela, vôlei e vôlei de praia), três modalidades não olímpicas (cross country, lifesaving e futebol de areia) e cinco modalidades militares (orientação, paraquedismo, pentatlo aeronáutico, pentatlo militar e pentatlo naval).
 
Fonte: Ministério da Defesa
Ascom – Ministério do Esporte
 

De olho nos Jogos do Rio, Iziane conduz a tocha na sua terra natal

Na praia do Calhau, em São Luís, a jogadora de basquete Iziane Marques atraiu centenas de fãs neste domingo (12.06). De volta a Seleção Brasileira, a ala se emocionou dentro do ônibus momentos antes de conduzir a tocha no revezamento do símbolo olímpico pela capital maranhense.
 
"Lembrei que faltam menos de dois meses para os Jogos Olímpicos. Estamos treinando duro em busca de uma medalha para o Brasil. Que esse gostinho possa incendiar a chama e nos levar com tudo para as Olimpíadas", disse a capitã do Brasil, que começou na Seleção aos 19 anos.
 
Para Iziane, tour da tocha antecipa o clima para os Jogos Rio 2016. Foto: Brasil2016.gov.brPara Iziane, tour da tocha antecipa o clima para os Jogos Rio 2016. Foto: Brasil2016.gov.br
 
Atleta mais jovem a atuar na WNBA, com 21 anos e 42 dias, Iziane atuou em seis equipes diferentes nos EUA. Ficou 11 temporadas fora do país, incluindo um período em sete países da Europa. Mais experiente e tranquila, a maranhense que atua no Sampaio Basquete revelou estar muito feliz com a oportunidade de participar do revezamento da tocha. "É um grande orgulho estar na minha terra representando todo o povo maranhense. Hoje consegui transmitir um pouquinho do que é para a gente disputar uma Olimpíada".
 
Na última convocação do Brasil, o Maranhão teve sete jogadoras na lista do técnico Antônio Barbosa, inclusive Iziane. Aos 34 anos, ela sonha com uma medalha e explica o segredo do basquete no estado. "Isso é fruto da nossa força de vontade. O Maranhão está financeiramente muito aquém da sua grandiosidade. A gente vê um pouco essa dificuldade com a vontade de crescer e provar que podemos estar entre as melhores se tivermos oportunidades.", afirma a ala, que recebe a Bolsa Atleta do Ministério do Esporte e cresceu na periferia de São Luís. De olho no futuro das crianças, a ala criou um Instituto que leva o seu nome em busca do seu maior legado.
 
"Acredito que minhas vitórias vão ser esquecidas e meus títulos guardados. A diferença que eu faço na vida de uma pessoa vai ficar. O esporte é uma inspiração para muitas crianças. Eu tive essa oportunidade aos 12 anos e, hoje, não poderia deixar esse momento passar. Espero poder ajudar muito mais crianças para mudar suas histórias através do esporte", sonha. O projeto "Liberdade com basquete" foi fundado em 2014 e atende 100 crianças carentes que estudam em escolas públicas, desenvolvendo atividades de incentivo à arte, a cultura e ao esporte. 
 

Legado olímpico
Casa do Sampaio Corrêa e Maranhão Basquete, o ginásio Castelinho foi equipado, por meio de convênio entre o Ministério do Esporte e a Confederação Brasileira de Basketball (CBB), com dois kits de novos equipamentos – piso flutuante, apontadores, tabelas e placares. Os times que disputam a Liga de Basquete Feminino (LBF) se tornaram referência no basquete nacional e, neste ano, o Maranhão teve o maior recorde de público, com 6 mil no Castelinho no jogo entre Sampaio e Corinthians.
 
O crescimento da modalidade no Maranhão começou com o retorno da jogadora Iziane a São Luís, em 2011. Há quatro anos trabalhando com a jogadora, o assistente Paulo César disse que o investimento no basquete é fundamental. "Os kits que vieram para o Maranhão ajudaram muito para ajudar o basquete a se desenvolver, especialmente se tratando do alto rendimento", garante Paulinho que também é professor da modalidade no Projeto "Liberdade com basquete".
 
Outras modalidades esportivas também foram beneficiadas, como o judô, cuja federação maranhense recebeu equipamentos e kits a partir de dois convênios do Ministério com a Confederação Brasileira de Judô (CBJ). O estado do Maranhão foi contemplado, ainda, com 11 Centros de Iniciação ao Esporte, com investimento total de R$ 43,5 milhões, das quais duas unidades estão na capital São Luis: uma Modelo I no bairro Angelim e a segunda, Modelo III, no bairro Vila Militar.
 
Em São Luis, foi inaugurada, em fevereiro de 2015, a pista oficial de atletismo da Universidade Federal do Maranhão em parceria com o Ministério do Esporte, que investiu R$ 6 milhões. Adicionalmente, 51 atletas nascidos ou domiciliados no Maranhão são contemplados pela Bolsa Atleta, com investimento anual total de R$ 659,9 mil. Já a Bolsa Pódio tem dois atletas do estado: Joelma das Neves Sousa e Yagonny Reis de Sousa, ambos do atletismo. Por ano, o investimento do governo é de R$ 264 mil.
 
Lilian Amaral e Lorena Castro 
Ascom - Ministério do Esporte 

São Paulo confirma força e conquista Brasileiro Caixa Sub-20 de atletismo

Os atletas de São Paulo confirmaram o amplo favoritismo e conquistaram o título do Campeonato Brasileiro Caixa Sub-20 Interseleções de Atletismo, encerrado na tarde deste domingo (12.06) na novíssima pista da Sogipa, em Porto Alegre. A seleção paulista conquistou 58 medalhas, sendo 26 de ouro, 19 de prata e 13 de bronze.
 
Santa Catarina ficou novamente com a segunda colocação, comprovando seu trabalho eficiente na revelação e desenvolvimento de talentos no esporte, com 25 medalhas (6 ouros, 11 pratas e 8 bronzes), seguida do Paraná, com 15 (6 ouros, 3 pratas e 6 bronzes).
 
 
O evento também marcou a definição dos atletas que representarão o País no Campeonato Mundial de Bydgoszcz, na Polônia, de 19 a 24 de julho. Nos próximos dias, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) anunciará a convocação oficial. 
 
Em Porto Alegre, dez atletas garantiram vaga na competição. Eberson Matucari, do salto em distância, deve ser cortado por contusão. Há a possibilidade de a CBAt convocar outros atletas para levar a equipe masculina de revezamento 4x100 m.
 
Na tarde deste domingo, aliás, Paulo André Camilo de Oliveira (ES), que já havia garantido vaga nos 100 m, assegurou também nos 200 m no Mundial. Ele venceu a prova, com o tempo de 21.12 (1.1). "Agora fica a expectativa de o Brasil participar também do 4x100 m. Temos um grupo forte de velocistas e acho que poderemos brigar por uma medalha", disse o paulista, radicado na cidade de Vila Velha.
 
Outro atleta que garantiu vaga em Bydgoszcz foi Murillo Albuquerque Santos (SP), que venceu o salto triplo, com 15,55 m (1.5). Ele havia conseguido o índice em maio, em São Bernardo do Campo (SP), quando saltou 15,81 m (0.9). "Estou no Mundial de verdade", disse, aliviado, assim que saiu da pista da Sogipa. "Você só pode comemorar quando confirma na última competição", completou o atleta de 17 anos, que treina com Ricardo Barros, no Centro Olímpico, em São Paulo.
 
Mesmo sem índice para o Mundial, alguns competidores brilharam no Campeonato. Mirna Marques da Silva (SP), por exemplo, deixa Porto Alegre com três medalhas de ouro. Venceu os 100, os 200 e o 4x100 m. "Os índices individuais estão difíceis, mas estou muito feliz com minha participação no torneio", comemorou a paulistana de 19 anos.
 
Nos 10.000 m, Daniel Ferreira do Nascimento, que havia vencido os 3.000 m com obstáculos pela manhã, conquistou o ouro à tarde, com 30:40.59. "Corri para ajudar a seleção de São Paulo. Meu objetivo era buscar o índice nos 3.000 m, mas infelizmente não deu", disse Daniel.
 
Os melhores 
Derick de Souza Silva (RJ) e Alexandra Maria Pimenta da Silva (SP) foram eleitos os melhores atletas do Campeonato Brasileiro Caixa Sub-20 Interseleções de Atletismo. Derick venceu os 100 m, com o tempo de 10.33 (1.9), e Alexandra ganhou o lançamento do dardo, com 49,14 m, ambos na primeira etapa, no sábado pela manhã.
 
Os dois atletas estão qualificados para o Campeonato Mundial Sub-20 da Polônia e foram escolhidos por uma comissão de treinadores eleita durante o Congresso Técnico do evento, realizado na última sexta-feira (10), no Anfiteatro da Sogipa.
 
A classificação completa da competição tanto no geral, como nas categorias masculina e feminina pode ser conferida no endereço:
 
 
Fonte: CBAt
Ascom – Ministério do Esporte
 

Tatiele de Carvalho faz índice nos 10.000 m para os Jogos do Rio 2016

Foto: Divulgação/CBAtFoto: Divulgação/CBAt
 
Mais uma atleta brasileira obteve a qualificação para os Jogos Olímpicos do Rio 2016. Tatiele Roberta de Carvalho garantiu a vaga para disputar a prova dos 10.000 m. A classificação veio no Meeting de Portland, nos Estados Unidos, onde terminou a prova em segundo lugar, com o tempo de 32:09.14. Tatiele faz parte do programa Bolsa Atleta do Ministério do esporte. 
 
Assim, Tatiele, de 26 anos, marcou novo recorde pessoal, fez o quarto melhor tempo na história da prova por atletas sul-americanas e superou o índice exigido para a Olimpíada do Rio, que é 32:15.00.
 
O primeiro lugar foi obtido pela norte-americana Natosha Rodgers, com 32:06.82. A informação consta dos sites da Federação dos Estados Unidos (http://www.sheltoninvite.com/lr/16611/) e da Confederação Sul-Americana (http://consudatle.org/tatiele-carvalho-nombre-los-juegos/) e está sujeita à homologação pela CBAt.
 
Fonte: CBAt
Ascom - Ministério do Esporte
 

Com segunda vitória, Brasil se mantém na liderança do grupo no Pan masculino

O Brasil conquistou a segunda vitória no Pan-Americano Masculino de handebol, neste domingo (12.06). Diante de Porto Rico, a equipe teve um pouco de dificuldade no primeiro tempo, mas ainda assim dominou o jogo o tempo todo e fechou o placar em 38 a 24 (20 a 15 no primeiro tempo). Somado ao triunfo na estreia contra o Paraguai, o Brasil segue na liderança do grupo B. 
 
Com velocidade no ataque, Porto Rico surpreendeu no início da partida, impondo fortes contra-ataques e desestabilizando a defesa brasileira. O técnico Jordi Ribera precisou pedir tempo e mudar algumas vezes o sistema de jogo para não permitir uma aproximação mais perigosa dos porto-riquenhos no placar. 
 
Foto: DivulgaçãoFoto: Divulgação
 
Os goleiros César Bombom e Rangel Rosa foram bastante acionados e, muitas vezes 'salvaram a pátria', mantendo a equipe verde e amarela na frente. Apesar das falhas, também houveram muitos pontos positivos como as trocas realizas pelo treinador. Os jogadores que estavam no banco, não deixaram o ritmo cair. 
 
Jordi fez uma análise positiva, levando em conta o atual momento que a Seleção está vivendo na preparação para os Jogos Olímpicos. "Temos que ir pouco a pouco. Estamos também em um período de muita carga de treinamento e isso pesa um pouco. Se nota que em alguns momentos estamos um pouco pesados, mas também temos que levar em conta o momento de treinamento em que estamos. Conseguimos colocar todo mundo para jogar. Colocamos em prática algumas coisas interessantes que podem nos ajudar no futuro", frisou. 
 
O ponta esquerda Felipe Borges, apontou falhas, mas acredita também que isso faça parte do processo pelo qual o Brasil está passando. "O jogo de hoje foi um pouco mais complicado do que esperávamos. No começo do primeiro tempo tivemos algumas falhas na defesa, que são coisas que não podemos ter durante esse campeonato. No segundo tempo, já tivemos uma postura melhor e conseguimos garantir mais contra-ataques, permitindo a vitória do Brasil", pontuou. 
 
"Estamos nos adaptando às novas regras e aprimorando o ataque. Com certeza, vai ser uma das armas que vamos utilizar nas Olimpíadas e daqui pra frente. Estamos fazendo isso bem e vendo o resultado. Às vezes erramos um pouco, mas é normal. Para o próximo jogo vamos tentar melhorar o que fizemos hoje. Não estivemos no nosso nível e concentrados nos 60 minutos. Acredito que para o próximo jogo, vamos chamar mais atenção de todo o time e melhorar", encerrou Borges. 
 
O Brasil, que amanhã enfrenta a Colômbia às 17h, está na liderança do grupo B com quatro pontos, mesmo número do Uruguai que vem em segundo. A vantagem brasileira está no saldo de gols, 17 a mais que os vizinhos uruguaios. Além da liderança em grupo, os brasileiros também estão muito bem nas estatísticas individuais. Fábio Chiuffa é, até agora, o artilheiro do campeonato, com 18 gols. 
 
Gols do Brasil: Chiuffa (7), Lucas (6), Léo (6), Alemão (4), Oswaldo (4), Teixeira (3), Borges (2), João Pedro (2), Haniel (2), Diogo (1) e Vinícius (1). Gols do Paraguai: Hiraldo (5), Nazario (5), Ceballos (3), Arroyo (2), Garcia (2), Mercado (1), Rodríguez (1), Brito (1), Báez (1), López (1), Ramos (1) e Torres (1).
 
Fonte: CBHb 
Ascom – Ministério do Esporte
 

Na capital maranhense, beijo da tocha vira pedido de casamento

Os poetas que tanto falavam do romantismo de São Luis, e deram origem ao título de Ilha do Amor, tiveram mais uma cena para justificar a fama da cidade neste domingo (12.06). O revezamento da tocha, que iniciou a rota aérea, chegou cedo ao aeroporto da capital maranhense e percorreu ao longo do dia 40 quilômetros, passando pelas mãos de 143 condutores, entre cidadãos anônimos, atletas e celebridades. Mas no Dia dos Namorados, quem chamou atenção foi o condutor Romeu Matos, que achou o momento ideal para pedir a companheira em casamento.
 
Juntos há cinco anos, Romeu e Samya Silva têm uma filhinha de quatro anos, Ana Cecília. Há um ano, a pequena foi diagnosticada com Comunicação Interatrial (CIA), um defeito congênito no coração em que a parede que separa os átrios esquerdo e direito não fecha completamente. O caso era cirúgico e delicado. "Fomos pegos de surpresa e naturalmente ficamos muito tristes, mas ela não. Meu coração valente, como chamo ela, estava o tempo todo alegre, então a gente não poderia desanimar", emociona-se.
 

Romeu conta que criaram uma princesa que tinha feito cirurgia e que Ana Cecília seria igual a ela, o que ajudou na aceitação e na recuperação da garotinha. "Os médicos ficaram impressionados como o organismo dela reagiu de imediato, até as dores naturais da cirurgia foram amenas", explica. A história do pai comoveu a organização do evento que o convidou para ser um dos condutores da chama olímpica em sua cidade natal.
 
Foi aí que surgiu outra ideia: pedir a companheira em casamento. "Eu lembrei que seria Dia dos Namorados, na Ilha do Amor, de tantos poetas. Pensei que seria a melhor hora para oficializar nosso casamento. Escrevi para os responsáveis e eles amaram a ideia". Foram dois meses de preparo para a surpresa: adereços, alianças e famílias convocadas. Só faltava a Samya, que foi convidada para ser condutora no último momento sob a justificativa de que tinha ganhado um sorteio entre os nomes indicados pelos condutores já selecionados.
 
O momento
Tudo pronto. Grande dia. Ele, nervoso, olhando o relógio a cada minuto. Ela mandando mensagens perguntando por ele e reclamando que não tinha respostas. Ana Cecília, só alegria, sem entender direito, mas sabendo que as alianças presas num chapéu de São João eram da mamãe e que o papai ia carregar a tocha. Família em peso, sogras, cunhados, tios, amigos e curiosos. Até que Samya, a primeira a conduzir, recebeu o fogo sagrado e viu o tio tocando sanfona, mas nem percebeu que era a marcha nupcial anunciando que viria algo inesperado.
 
 
Romeu surge do meio de uma multidão, com gravata borboleta e um plaquinha: "Samya, quer casar comigo", ao mesmo tempo em que entregavam um buquê na mão da pretendente e colocavam um véu em sua cabeça. Ajoelhou-se, pegou as alianças e fez novamente o pedido. Ela não acreditava, mas nem pensou duas vezes antes de gritar um sim, junto com todos que estavam por perto, jogando grãos de arroz. Os 200 metros que se seguiram foram com os dois juntos e uma única tocha. "A tocha significa união entre os povos e essa é a minha união com ela. Agora vamos formalizar, juntamente com nossa filha, nosso elo de amor", diz Romeu. Ela confirmou que nem desconfiava. "Fui traída, não fazia ideia. Mas foi perfeito".
 
Revezamento
A chama olímpica foi acesa na Praça Dom Pedro II no centro histórico de São Luís, declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, ao som de manifestações culturais, especialmente o Bumba Meu Boi, que é referência no estado e esteve presente em diversos pontos da cidade ao longo do dia.
 
O primeiro beijo do revezamento aconteceu na Igreja da Sé entre Jaqueline Caldas, 12, e Guilherme Brito, 16, que fazem parte do Projeto Movimento e Resgate Esportivo da cidade. A tocha seguiu para os bairros de Cohatrac e Turu na parte da tarde e, por fim, percorreu a avenida dos Holandeses até a Praça Maria Aragão, local de celebração, passando pela Avenida Litorânea, Espigão Costeiro e Lagoa da Jansen.
 
 
Celebridade da web, Thaynara OG ''digital influencer' de São Luís acendeu a pira. Com mais de um milhão de seguidores, a advogada contou sobre a emoção: "Trouxe a chama da Grécia, mas este momento é muito mais especial, pois estou na minha cidade". Ela revelou ainda que sua torcida vai para o vôlei masculino. "Quero ver mais um ouro dos meninos, mas espero assistir a outras modalidades, como a ginástica e o nado sincronizado", disse.
 
O revezamento da tocha segue para o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses nesta segunda-feira (13.06). A semana começará com uma programação de aventuras e belas paísagens, incluindo a Lagoa Azul e o pequeno povoado de Vassouras.
 
Lilian Amaral e Lorena Castro 
Ascom - Ministério do Esporte

Chama olímpica entra na Região Norte por Palmas, a mais jovem das capitais brasileiras

Depois de percorrer 148 municípios de 11 estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do Brasil, a chama olímpica aterrissou, neste sábado (11.06), na mais nova das capitais brasileiras. Às margens do Rio Tocantins, Palmas recebeu em suas largas e planas avenidas, um revezamento da tocha que se estendeu por 32 quilômetros e levou às ruas 155 condutores – muitos deles responsáveis por mudar e melhorar a vida dos moradores por meio do esporte.

Tarcizo e os meninos do Arne 64. (Foto: Ivo Lima/ ME)Tarcizo e os meninos do Arne 64. (Foto: Ivo Lima/ ME)O tocantinense Tarcizo Lima, de 49 anos, é um deles. Há 14 anos ele criou um projeto para levar o futebol à criançada da cidade. O batizou de Arne 64, uma referência ao primeiro endereço de sua iniciativa. De lá pra cá, passou de 27 para 200 alunos, recebeu olheiros de times nacionais interessados em seus talentos, venceu campeonatos na Região Norte e hoje, em seu pequeno quarto, não há mais espaço para enfileirar os 108 troféus acumulados nessa trajetória. "Mas o primeiro presente que a gente ganha é o respeito da criança e da sua família e, em segundo lugar, a transformação na qualidade de vida dessas pessoas", admitiu ele.

A família, por sinal, é a base do trabalho comandado por Tarcizo. Para seguir no projeto é preciso que as crianças tenham boas notas na escola e que os pais acompanhem o dia-a-dia dos seus filhos, participando ativamente das decisões. "Não tenho filho biológico, mas costumo dizer que hoje tenho 200 filhos", disse, sorridente.

O brasiliense Inácio Almeida, de 10 anos, faz parte da família da bola. Recém chegado a Palmas, o garoto disputou um amistoso contra outros meninos do Arne 64. Uma semana depois, integrava a equipe. "Além de gratuito, o projeto dá a todo mundo a chance de jogar. Somos recebidos como família ", contou Inácio. A mãe, a autônoma Soraia Almeida, de 46 anos, reforça as palavras do menino. "O projeto vai além do futebol, promove uma integração entre as famílias. Há uma grande mobilização nossa para levarmos tudo isso adiante."

Quando o professor desceu do ônibus de condutores, encontrou parte da turma na calçada da avenida, de faixa empunhada, uniforme do time e com grito de guerra ensaiado: naquele lugar passaria um campeão, Tarcizo Lima, de tocha na mão! Empolgados, sob a supervisão dos pais, eles seguiram correndo ao lado do técnico, entre gritos e fotos.

Ao descer do ônibus dos condutores da tocha, Tarcizo foi cercado por crianças de seu time de futebol. Foto: Ivo Lima/ MEAo descer do ônibus dos condutores da tocha, Tarcizo foi cercado por crianças de seu time de futebol. Foto: Ivo Lima/ ME

Dedicar-se ao bem estar do outro parece ser uma missão dada à educadora física Soraia Tomaz. E, aos 50 anos, ela aplica sem perder o sorriso constante – e a determinação de seguir. À frente da Reviver, associação que leva cultura e esporte a crianças e jovens com algum tipo de deficiência, a professora tem conseguido transformar a vida de paratletas de Palmas. Basquete sobre cadeira de rodas, bocha, aulas de idiomas e música são apenas algumas das atividades praticadas por lá. Em breve, ela pensa em implantar o vôlei sentado para quem não tem mobilidade nas pernas. "Quando cheguei aqui tinha um plano de aulas, mas percebi que precisava me adaptar aos meus alunos e transformar a maneira ortodoxa de ensinar. Deu certo", lembrou ela.

Uma de suas alunas é Rhailma de Sousa, de 19 anos. A garota começou a praticar esportes na Apae. Em 2014, a ex-treinadora Gleice Souza identificou nela o potencial para o arremesso de peso. De lá pra cá, a paratleta já conquistou três títulos nacionais na modalidade e 15 medalhas, ao todo.

A deficiência intelectual é superada a cada dia com a disposição de Rhailma e, assistida pela instituição, ela passou a viajar o país em competições nacionais. O esporte levou tranquilidade à sua rotina, emocionando-a a cada medalha conquistada."Carregar a tocha é uma felicidade, uma coisa boa que não dá pra explicar." Para preparar a aluna para a condução, a professora Soraia fez uma réplica da chama olímpica e ensaiou com Rhailma seu grande momento. Não deu outra. Nos 200 metros que percorreu, ela correu tão rápido que chegou a dar uma canseira na preparada guarda da Força Nacional.

Paixão pelo atletismo
A professora Letícia Suarte tem uma história de luta e coragem. Há 18 anos, enfrentou uma gestação complicada de gêmeos. Um deles morreu antes mesmo de ela dar a luz. Desenganada, a filha Vitória sobreviveu, mas teve sequelas. Os médicos não deram mais do que um mês de vida à garota, que hoje é uma das jogadoras de bocha da Apae de Palmas. Aos 48 anos, Letícia dá conta de uma quádrupla jornada diária: o trabalho, os cuidados da casa, o mestrado e a prática do atletismo. E não deixa a peteca cair. "O esporte é realização e desafio. Não há desculpas para ficar parado".

O atletismo entrou em sua vida meio que por acaso. E ficou. Diariamente ela pratica a modalidade, pela qual se diz "apaixonada". Como condutora da tocha, Letícia sentiu-se honrada por representar a cidade no tour que roda o país. "Sou parte responsável por não deixar que a chama acesa na Grécia se apague. Isso por si só já é grandioso."

Letícia (E): 'O esporte é realização e desafio'. (Foto: Ivo Lima/ME)Letícia (E): 'O esporte é realização e desafio'. (Foto: Ivo Lima/ME)

História
A "caçula das capitais", um dos apelidos dados a Palmas, foi fundada há 27 anos. Até então, fazia parte do estado de Goiás. Foi na Constituição de 1988 que se criou o 26º estado brasileiro: Tocantins. A capital tocantinense de mais de 265 mil habitantes tem suas curiosidades. Uma delas é um incontável número de rotatórias, presentes em todos os cruzamentos. Outra está no planejamento urbano, semelhante ao de Brasília. A cidade também pegou emprestado da capital do país muitos dos seus nomes de ruas e logradouros, onde letras e números formam endereços muitas vezes estranhos e curiosos para a maioria dos brasileiros.

Revezamento Tocha Olímpica - Palmas TORevezamento Tocha Olímpica - Palmas TO

Incentivo ao esporte
Graças ao investimento do Governo Federal, Tocantins terá um Centro de Iniciação ao Esporte com ginásio reversível e pista de atletismo, orçado em R$ 3,9 milhões. A parceria Estado/União já entregou a primeira pista oficial de atletismo da capital, localizada na Universidade Federal do Tocantins.

As Federações de Judô e Taekwondo também receberam equipamentos, como tatames, placares, sistema de videomonitoramento e telões, como resultado de parceria com o Ministério do Esporte. Vinte e quatro atletas nascidos ou que vivem no estado receberam o Bolsa Atleta no último ano, e o nadador paralímpico Ítalo Gomes Pereira, prata e bronze no mundial de Glasgow, na Escócia, e ganhador de ouro e três bronzes no Parapan de Toronto, é beneficiário do Bolsa Pódio.

Mariana Moreira e Hédio Ferreira Júnior, de Palmas - brasil2016.gov.br

Ascom - Ministério do Esporte

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